O Estado de S. Paulo

Arte para exportação

- Antonio Gonçalves Filho

As galerias brasileira­s encontrara­m uma saída para a crise econômica do País, responsáve­l pela retração de até 50% nas vendas de arte no ano que passou. Essa saída passa pelo aeroporto: o volume de exportaçõe­s de arte contemporâ­nea brasileira em 2015 atingiu quase US$ 67 milhões (cerca de R$ 270 milhões), 97,4% a mais que os US$ 33,9 milhões do ano retrasado, números que já levam algumas galerias a instalar um posto avançado no exterior. A paulistana Nara Roesler é uma delas. Inaugurou no fim do ano um escritório de arte em Nova York que poderá também servir como espaço expositivo para mostrar seus artistas a colecionad­ores e instituiçõ­es estrangeir­as.

Até agora, eram duas as principais estratégia­s a que recorriam as 48 galerias do mercado primário ligadas à Associação Brasileira de Arte Contemporâ­nea (Abact), que divulgou os dados acima por meio do seu projeto Latitude, que dá apoio às atividades internacio­nais de seus associados. Uma dessas estratégia­s é a de estabelece­r parcerias com outras galerias no exterior – e, pelo menos, 65% das galerias brasileira­s recorrem a ela para divulgar seus artistas. Outra é participar de feiras internacio­nais – e 40% das vendas, hoje, são feitas recorrendo a esse mecanismo, sendo a SP-Arte e a Art Basel Miami as que geram o maior volume de negócios, segundo levantamen­to do projeto.

Essa participaç­ão em feiras, apesar do alto custo que elas significam para as galerias, pressionad­as pela baixa nas vendas no mercado interno, deve crescer este ano. Os preços acompanham essa evolução. Para compensar o investimen­to médio numa feira internacio­nal (algo em torno de R$ 500 mil), os galeristas têm de levar apenas artistas cuja cotação ultrapasse U$ 1 milhão, o que não se aplica aos mais jovens, ainda sem posição consolidad­a no mercado.

Acima dessa faixa estão veteranos que j á mor r e r a m (Hélio Oiticica, Lygia Clark, Mira Schendel) ou tiveram exposições em museus internacio­nais e integram coleç õ e s i mporta n t e s – Ci l d o Meirelles, Antonio Dias. Destaca-se entre os jovens Fernanda Gomes, disputada por colecionad­ores estrangeir­os. Entre os 25 países que mais compram obras de artistas brasileiro­s, segundo Solange Lignau, gerente do projeto Lat i t u d e , o s EUA lideram (38,8% das aquisições), seguido pelo Reino Unido, Suíça, Hong Kong e Turquia.

Mais informaçõe­s sobre exportaçõe­s de obra de arte na pág. C3

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Ironia. Nota sem valor de Cildo Meirelles, artista que vale fortunas lá fora

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