Teatro de Narradores ajusta bússola no terreno do possível
‘Cenas Insurgentes’ traz série de quatro solos e um convite a se imaginar os muitos caminhos que podem existir no palco
Há três anos, o que marcava a trajetória do Teatro de Narradores era a apresentação de Retrato Calado, espetáculo criado a partir da obscura autobiografia homônima de Luiz Roberto Salinas Fortes, sobre as torturas que o escritor sofreu durante a ditadura militar.
Naquela ocasião, o grupo fundado por José Fernando de Azevedo e Teth Maiello completava 15 anos. A partir desta quin- ta-feira, 21, a companhia ocupa o Sesc Ipiranga com a mostra Cenas Insurgentes – Solos Para Um Coletivo.
É primeira experiência do grupo em montagens que levam apenas um único ator no palco, explica Azevedo. Ele conta que o que motivou esse trabalho foram percepções nos 18 anos de estrada. “Como as individualidades influenciam o coletivo?”, questiona. “E em que medida isso pode interferir nesse coletivo?” As questões serviram de guia para os artistas que concretizaram quatro solos, apresentados um por noite.
A peça que abre a série se chama Maneiras Trágicas de Matar Uma Mulher e reflete sobre a mulher em situação de guerra, representada pelo assassinato da figura mitológica de Polixena, princesa de Troia, pelas mãos de Neoptólemo, filho de Aquiles. A cena interpretada por Teth pretende imaginar as possibilidades de ação provocas pela decisão da princesa.
Na segunda noite, um jogo de mentiras é conduzido por Renan Tenca Trindade. O episódio trazido em A Guerra Não Tem Ensaio retrata o episódio em que o mesmo Neoptólemo tem que mentir para roubar as armas do antigo guerreiro Filoctetes. Na cena, o grupo utiliza um dispositivo convencionado como “deslizamento”, explica o ator. “É uma forma de apresentar os diversos pontos de vista desses personagens”, que, além do jovem e do velho guerreiro, incorpora a voz de Ulisses, da