Estrada semfim
Na exposição ‘Errantes’, o fotógrafo Titouan Lamazou mostra como vivem os povos nômades e os refugiados
Aos 18 anos, o fotógrafo, pintor e escritor francês Titouan Lamazou, nascido há 61 anos em Casablanca, Marrocos, decidiu colocar o pé na estrada, ou melhor, na água, após uma breve passagem pela Escola de Belas Artes de Paris. Foi primeiro para as ilhas das Antilhas e Bahamas. Aventureiro por natureza, conheceu o navegador Éric Tabarly e ambos correram mundo a bordo do Pen Duick VI, um barco de alumínio de 22 metros. Foi graças a essas viagens que Lamazou voltou à primeira paixão, a pintura, em 1982, embora sem abandonar a vida no mar – ele ganhou um título de campeão mundial de regata oceânica em 1991, o que lhe garantiu a apresentação de um projeto original de residência artística itinerante num barco ateliê, em 1998.
Lamazou conhece o mundo todo. Como todo bom marinheiro, é fascinado pela figura feminina. Entre 2001 e 2007, desenvolveu um projeto chamado Zoé- Zoé, Mulheres do Mundo, que lhe garantiu reconhecimento internacional e o título de “Artista da Unesco para a Paz”. Bom aquarelista, Lamazou retratava mulheres nômades ou refugiadas que sofriam maus-tratos por sua condição da vida, o que o levou a criar a associação Lysistrata, sem fins lucrativos, para combater a discriminação e lutar pelos direitos femininos.
Pictórico. De passagem por São Paulo para inaugurar sua exposição Errantes, em cartaz até dia 25 na Galeria Rabieh, Lamazou concedeu uma entrevista ao Caderno 2, em que falou tanto da mostra, com curadoria de Eder Chiodetto, como de seu mais recente livro, Retour à Tombouctou (Ed. Gallimard, 400 págs., 40 euros), além de pintura, claro. As 12 imagens reunidas na exposição são deliberadamente pictóricas e constituem, segundo ele, um tributo ao cromatismo do romântico Delacroix e do neoclássico Ingres, embora não apelem para o exótico ou o voluptuoso. As fotos retratam a situação real em que vivem nômades e refugiados do Mali, da Mauritânia, da Palestina, da Mongólia e até da Sibéria.
No entanto, Lamazou che-