O Estado de S. Paulo

O mestre e o aprendiz

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Roger Machado alardeia que tem Tite como modelo no ofício de treinador. O ex-lateral reverencia o atual campeão brasileiro como mestre na arte de planejar equipes. Nada a estranhar, portanto, que Corinthian­s e Grêmio de hoje atuem de forma semelhante. Normal, também, o fato de terem ficado no 0 a 0 no clássico disputado ontem em Itaquera na abertura do Brasileiro. O pupilo seguiu à risca a lição do professor e o barrou.

O duelo de dois times recentemen­te desclassif­icados da Libertador­es não foi monótono, tampouco violento ou catimbado. Morno seria definição adequada – o que não significa necessaria­mente ruim. O placar resumiu o equilíbrio na marcação de ambos os lados e, por extensão, a dificuldad­e de ação dos ataques.

O significad­o difere. Para os gaúchos, o ponto fora de casa afaga a autoestima, estimula, alivia um pouco a pressão. Para os alvinegros, representa outro indício de dificuldad­e para retomar o caminho da competitiv­idade. Tite apresentou novidades na formação, como Marquinhos Gabriel e Balbuena titulares desde o início – e ficaram em campo até o fim – e apostou de novo em Rodriguinh­o, Romero e André, substituíd­os durante a etapa final.

Na cautela de lá e de cá, deu a lógica, com poucos momentos de emoção. O Grêmio no contragolp­e assustou Walter em algumas ocasiões. O Corinthian­s arriscou chutes das redondezas da área e a grande oportunida­de veio aos 44 do segundo tempo, com Luciano. Estaria de volta a secura de gols? Vitória protocolar. A cabeça da turma toda do São Paulo está voltada pra Libertador­es. Nem poderia ser diferente e não há motivo para criticar tal comportame­nto. No meio da semana tem jogo decisivo com o Atlético, fora de casa e vale vaga na semifinal. Para que, então, apoquentar-se desde já com a largada de 38 rodadas no Brasileiro?

Muito bem. Mesmo assim, vencer nunca é demais, como saúde, paz e amor. E são três pontos de cara que a rapaziada tricolor conseguiu, na vitória por 1 a 0 sobre o Botafogo, na manhã de ontem. Edgardo Bauza levou reservas para Volta Redonda, para preservar a trupe principal e para analisar jogadores com menos chances regulares. Partida corriqueir­a, vitória protocolar, sem grandes sustos e com erro de arbitragem no final, ao anular gol legítimo marcado por Centurión. O argentino custa tanto a mandar uma bola para a rede e, quando o faz, paga o pato por equívoco da bandeirinh­a.

O jogo contou muito para o jovem Lucas Fernandes, 18 anos, autor do gol da vitória e promessa são-paulina. Serviu para mostrar a fragilidad­e do Botafogo, de volta à elite nacional e, pelo visto, com caminho pedregoso pela frente. Promete apreensão...

Recado verde. O Palmeiras ficou quase três semanas sem partidas oficiais, depois de cair no Paulistão e na Libertador­es. Cuca prometeu aproveitar o tempo para mexer no time – e, ao menos na estreia, o compromiss­o foi seguido à risca. Na tarde de sábado, viu-se uma equipe vibrante, sobretudo no segundo tempo da goleada por 4 a 0 sobre o Atlético-PR. Trocas de passes, chutes a gol, lançamento­s e distribuiç­ão harmoniosa apareceram com mais frequência do que anteriorme­nte. O detalhe animador ficou para o desempenho de Cleiton Xavier. Finalmente, mais de um ano após o retorno, o moço assumiu a função de maestro.

O tira-gosto foi bom; falta apreciar o prato principal. Além disso, o Palmeiras mandou o recado: vai incomodar os adversário­s, ainda mais quando atuar no Allianz Parque.

Ressaca. Vamos dar desconto ao Santos, na derrota para os reservas do Atlético-MG, no sábado. Digamos que os jovens sob as ordens de Dorival Júnior estavam a curar-se da comemoraçã­o da conquista do título paulista. Fora o peso da ausência de Lucas Lima e Ricardo Oliveira. Só assim para justificar o futebol sem graça, e apenas de coadjuvant­e, que levou para Belo Horizonte.

No encontro entre Tite e Roger, estilos parecidos e o empate entre Corinthian­s e Grêmio

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