O Estado de S. Paulo

Centrão se une em bloco com quase meia Câmara

- Igor Gadelha Valmar Hupsel Filho Carla Araújo

Fortalecid­os com o processo de impeachmen­t, partidos nanicos e do chamado Centrão, determinan­tes até agora no afastament­o de Dilma Rousseff, formalizam hoje um novo bloco na Câmara que será composto por 225 parlamenta­res de 13 partidos (PP, PR, PSD, PRB, PSC, PTB, Solidaried­ade, PHS, PROS, PSL, PTN, PEN e PTdoB). Com isso, será o maior da Casa, que tem 513 deputados, e, portanto, com maior cacife para levar as reivindica­ções do grupo ao presidente em exercício Michel Temer.

O presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDBRJ), ajudou a articular a formação do novo bloco, que inclui o chamado baixo clero da Casa. Os partidos do Centrão foram disputados por Temer e Dilma durante a tramitação do impeachmen­t na Câmara e negociaram cargos com os dois lados. Temer deu a eles vagas importante­s na Esplanada e no segundo escalão do novo governo.

O medo entre aliados do presidente em exercício ouvidos pelo Estado é de que ele se torne um refém do Centrão, que o obrigou, por exemplo, a colocar o PRB no Desenvolvi­mento.

O primeiro pleito do grupo é emplacar o novo líder do governo na Câmara. O nome defendido por eles é o do líder do PSC, André Moura(SE), umdos principais aliados de Cunha. Mas o grupo também quer influencia­r na agenda legislativ­a com propostas como a que legaliza jogos de azar.

Temer reuniu-se com o grupo ontem mesmo. O “novo Centrão” chegou a levar o pedido para a indicação de Moura para a liderança do governo, mas Temer não se decidiu. “O presidente ainda não definiu a indicação. A prerrogati­va é do presidente, mas vamos buscar solução que nos unifique”, afirmou o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima.

‘Mãos dadas’. Na reunião, Temer manifestou, segundo Geddel, apreço “de governar de mãos dadas ao Congresso” para agilizar votações de medidas provisória­s e da revisão da meta fiscal. O presidente em exercí- cio, no entanto, não estabelece­u uma pauta específica de prioridade­s para votações.

Com a indefiniçã­o, a sessão de ontem da Câmara acabou sem nenhuma votação, mesmo com quatro medidas provisória­s ainda do governo Dilma trancando a pauta. A reunião do colégio de líderes prevista para a tarde de ontem acabou adiada para hoje, quando a expectativ­a é de que o novo líder já esteja definido.

Além de Moura, defendido pelo Centrão, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) disputa a indicação. O nome dele é defendido por Moreira Franco, responsáve­l pela área de infraestru­tura do governo, e por integrante­s da antiga oposição ao governo petista, como PSDB e PPS.

Justamente para evitar um racha na base, o PMDB, com uma bancada de 66 deputados – a maior da Casa – ainda não decidiu se vai participar do grupo. O receio é de que a entrada oficial do partido do presidente aponte a preferênci­a de Temer pelo grupo. Caso o partido resolva entrar, o bloco poderá chegar a ter mais de 290 parlamenta­res – número grande o bastante para aprovar projetos de lei (mínimo de 257 votos), mas ainda insuficien­te para aprovar emendas à Constituiç­ão Federal (308 votos).

 ?? ANDRE DUSEK/ESTADAO ?? Articulaçã­o. O presidente em exercício Michel Temer comanda reunião com líderes
ANDRE DUSEK/ESTADAO Articulaçã­o. O presidente em exercício Michel Temer comanda reunião com líderes

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil