Investigado pela Lava Jato, Lira assume comissão de Orçamento
Aliado de Cunha vai comandar colegiado após acordo partidário; no plenário, Maranhão ouve gritos de ‘fora, fora’
Após acordo entre PMDB, PP e PR, o deputado Arthur Lira (PPAL) foi escolhido ontem, por aclamação, presidente da Comissão Mista de Orçamento (CMO) do Congresso. O parlamentar é aliado do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDBRJ), e, como o peemedebista, alvo da Operação Lava Jato.
Lira conseguiu viabilizar seu nome para o comando da comissão após os três partidos chegarem a um acordo sobre a divisão dos outros cargos do colegiado. Inicialmente, PP, PMDB e PR reivindicavam a indicação para presidente, usando diferentes interpretações do regimento em relação a qual bloco parlamentar seria usado como critério para escolha.
O PMDB, por exemplo, queria indicar o deputado Sérgio Souza (PR). A legenda desistiu de tentar o posto, ao não conseguir apoio de parlamentares de partidos aliados da presidente afastada Dilma Rousseff, como PT e PC do B. Se não houvesse acordo, o presidente da comissão teria de ser escolhido por votação.
Após o entendimento, Souza ficou com a 2.ª vice-presidência. O acordo previu ainda que um senador do PMDB ficará com a relatoria do Orçamento de 2017, enquanto o PR do Senado indicará o relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Os nomes mais cotados são, respectivamente, os de Waldemir Moka (MS) e Welington Facundes (MT). Sob pressão
Arthur Lira vai substituir a senadora Rose de Freitas (PMDBES) no comando da CMO. Por acordo, a presidência e relatoria do colegiado devem ser alternadas anualmente entre deputados e senadores. No ano legislativo de 2015, Lira foi presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara.
Maranhão. No plenário, a sessão em que o presidente interi- no Waldir Maranhão (PP-MA) conduziu os trabalhos sentado pela primeira vez na presidência da Câmara durou cerca de uma hora e foi marcada pela forte pressão de parlamentares para que ele renunciasse ao cargo. Maranhão encerrou a sessão sob gritos de “fora, fora” feitos principalmente por deputados do DEM, PSDB e PPS, protagonistas do processo de impedimento na Casa.
Abordado por jornalistas enquanto caminhava para a sua sala após a sessão, Maranhão negou mais uma vez que iria renunciar. “Não há renúncia, nós temos que trabalhar pelo Brasil. A pauta está sobrestada, temos que encaminhar debates que resolvam as questões orçamentárias do Brasil”, disse. Questionado sobre os protestos no plenário, disse apenas que “é da democracia”.
Já durante um evento para celebrar a revitalização de uma superquadra em Brasília, Maranhão elogiou Cunha ao dizer que seu antecessor tem “espírito público”, “possui experiência” e é um homem “tarimbado”.