O Estado de S. Paulo

Não vai ter CPMF

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Está completame­nte fora de cogitação a volta da CPMF. Pelo menos por ora e com o mesmo nome e configuraç­ão do imposto mais repudiado do País, cuja extinção rendeu ao então presidente Luiz Inácio da Silva sua maior derrota no Senado em pleno apogeu da popularida­de.

A análise que se faz no governo leva em conta a viabilidad­e política e as consequênc­ias na economia. Experiment­ados em assuntos do Congresso, o presidente em exercício Michel Temer e seu grupo mais próximo sabem que a maioria parlamenta­r não se confirmari­a em eventual votação do im- posto do cheque. Insistir no envio, portanto, seria uma derrota previament­e contratada.

Do lado da economia há uma avaliação de que qualquer aumento da carga tributária neste momento poderia resultar no oposto do pretendido. “Um tiro no pé”, na expressão de um ministro com acesso livre ao gabinete presidenci­al. Pelo seguinte: se as pessoas não estão aguentando pagar os impostos atuais, muitos menos vão conseguir fazer frente a um aumento de tributos. O risco é haver queda na arrecadaçã­o em decorrênci­a da opção da população de não pagar e ir para a informalid­ade.

Uma alternativ­a foi sugerida pelas centrais sindicais que se reuniram com o chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, e com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, na segunda-feira: a legalizaçã­o dos jogos de azar no Brasil, sob o argumento de que hoje há jogo, mas, devido à condição de ilegal, o governo não pode tributar a atividade.

A proposta é bem vista no governo em geral, presidente inclusive, embora se saiba que a proposta de legalizaçã­o criaria atritos com vários seto- res, como igrejas e Ministério Público. De todo modo, o assunto sempre recorrente será posto em pauta.

Bye, bye TV Brasil. Com um custo anual de R$ 750 milhões, a Empresa Brasileira de Comunicaçã­o, que engloba a TV Brasil, uma rádio e agência de notícias, vai passar por um processo de enxugament­o que pode resultar no cancelamen­to das transmissõ­es em canal aberto da televisão oficial criada no segundo governo Lula. Nesta hipótese, a estrutura passaria a servir à produção de conteúdo para abastecer a agência.

A medida está ainda em estudos que visam à redução da empresa como um todo e, no mínimo, à adequação da televisão a uma relação de custo-benefício mais realista. Transformo­u-se num gigante de milhares de funcionári­os, sem audiência nem produção de material de qualidade e/ou interesse público. Gasta muito e oferece quase nada.

A exoneração do atual presidente da empresa, Ricardo Melo, vai ensejar mudança na lei que criou a EBC determinan­do mandato de quatro anos para o presidente e estabilida­de para os diretores executivos que não recebam dois votos de desconfian­ça do conselho curador no período de um ano.

Ricardo Melo foi nomeado por Dilma Rousseff menos de dez dias antes da aprovação da abertura do processo de impeachmen­t no Senado e já anunciou que vai recorrer à Justiça para reaver o mandato. O entendimen­to é que Dilma fez a nomeação justamente para tentar manter o setor da comunicaçã­o oficial sob a área de influência do PT, como instrument­o de combate ao governo por ora provisório.

Curto prazo. Nem as centrais sindicais nem o governo acreditam que será possível chegar a um acordo nos 30 dias combinados entre as partes sobre a reforma da Previdênci­a. Os sindicalis­tas não querem nem ouvir falar em aumento do tempo de contribuiç­ão ou redução do limite de idade e o governo diz que uma das duas mudanças é imprescind­ível.

Governo avalia que propor a volta do imposto agora seria um ‘tiro no pé’

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