Caso é amostra da guerra entre Temer e PT na máquina pública
Cinco dias após assumir o governo, o presidente em exercício Michel Temer enfrenta guerra com o PT em setor estratégico de sua administração, a EBC, empresa que presta serviços de divulgação dos atos da administração federal. A EBC é também responsável pela parte do Executivo mostrada no programa A Voz do Brasil.
Nesta guerra, Dilma Rousseff foi o principal instrumento do PT para enfiar uma cunha partidária e ideológica no governo de Temer. A oito dias da decisão do Senado que a afastou das funções presidenciais por 180 dias, Dilma nomeou para a presidência da EBC o jornalista Ricardo Melo, dando-lhe mandato de quatro anos.
Temer considerou antiética a nomeação em tais circunstâncias políticas e demitiu o presidente da EBC. Ricardo Melo não aceitou e diz que vai recorrer à Justiça. Ele alega que o ato violou um ato jurídico perfeito. No dia seguinte ao impeachment, a diretoria executiva e o conselho curador da EBC se manifestaram contra a demissão de Melo, prevendo que ela ocorreria.
A EBC foi criada no governo Lula. Em tese, seria uma empresa pública bancada pela União, mas independente do poder central. Substituta da Radiobrás, ela passou a ser um instrumento a serviço do governo. No caso, o petista.
Em fevereiro, o jornalista Américo Martins pediu demissão da presidência por discordar de interferências políticas. O Sindicato dos Jornalistas do DF e a Comissão de Empregados da empresa vinham denunciando o aparelhamento da companhia.
Casos semelhantes ao da EBC certamente vão aparecer, uma vez que Temer pretende desaparelhar os órgãos da administração pública. E, pelo visto, a ordem no PT é para que os militantes que ocupam as empresas resistam.