Maduro diz que EUA estão por trás de ‘golpe’ no Brasil
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse ontem que o impeachment da presidente Dilma Rousseff – que ele chamou de “golpe de Estado no Brasil” – e a “campanha midiática e política” contra seu governo fazem parte de um “plano imperialista” de dominação do continmente capitaneado pelos EUA e pelos “núcleos de capital que governam a União Europeia”.
Maduro afirmou que se mobilizará no âmbito do Mercosul e da Unasul, presidida por ele, contra o afastamento de Dilma. “Como elites colonizadoras, eles têm complexo de superioridade. É a geopolítica do império de reconquista da América Latina e do Caribe. Onde eles não podem governar, dividem, criam o caos”, disse.
Maduro afirmou que a campanha “tem vários epicentros”, e um deles é “Madri, as oligarquias da Espanha”. “Sentimos pelos irmãos do Brasil”, disse.
NoMercosul, a ausência de Dilma enfraquecerá o governo Maduro, cujo posicionamento con- tra o impeachment foi repudiado, sexta-feira, pelo Itamaraty, já sob a gestão do ministro José Serra. A nota da diplomacia brasileira citava, além da Venezuela, os governos de Cuba, Bolívia, Equador e Nicarágua – e a própria Unasul. Maduro ordenou que o embaixador no Brasil, Alberto Castellar, voltasse a Caracas.
“Seguimos consultas com todos os governos do continente para que observem a situação no Brasil. Esperamos ações de proteção à democracia e à presidente Dilma Rousseff, que é a presidente legítima”, acrescentou.
A entrevista, de pouco mais de três horas, ocorreu no Palácio Miraflores, sede da presidência, e teve transmissão da emissora estatal Telesur para 138 representações diplomáticas venezuelanas pelo mundo, entre elas, a do Rio de Janeiro.
O tema principal foi a crise na Venezuela, que vive em estado de exceção desde sexta-feira. A medida de Maduro, válida por 60 dias, lhe deu mais poderes para combater as dificuldades econômicas e conter a ofensiva da oposição para afastá-lo do poder.