O Estado de S. Paulo

Maduro diz que EUA estão por trás de ‘golpe’ no Brasil

- Roberta Pennafort /

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse ontem que o impeachmen­t da presidente Dilma Rousseff – que ele chamou de “golpe de Estado no Brasil” – e a “campanha midiática e política” contra seu governo fazem parte de um “plano imperialis­ta” de dominação do continment­e capitanead­o pelos EUA e pelos “núcleos de capital que governam a União Europeia”.

Maduro afirmou que se mobilizará no âmbito do Mercosul e da Unasul, presidida por ele, contra o afastament­o de Dilma. “Como elites colonizado­ras, eles têm complexo de superiorid­ade. É a geopolític­a do império de reconquist­a da América Latina e do Caribe. Onde eles não podem governar, dividem, criam o caos”, disse.

Maduro afirmou que a campanha “tem vários epicentros”, e um deles é “Madri, as oligarquia­s da Espanha”. “Sentimos pelos irmãos do Brasil”, disse.

NoMercosul, a ausência de Dilma enfraquece­rá o governo Maduro, cujo posicionam­ento con- tra o impeachmen­t foi repudiado, sexta-feira, pelo Itamaraty, já sob a gestão do ministro José Serra. A nota da diplomacia brasileira citava, além da Venezuela, os governos de Cuba, Bolívia, Equador e Nicarágua – e a própria Unasul. Maduro ordenou que o embaixador no Brasil, Alberto Castellar, voltasse a Caracas.

“Seguimos consultas com todos os governos do continente para que observem a situação no Brasil. Esperamos ações de proteção à democracia e à presidente Dilma Rousseff, que é a presidente legítima”, acrescento­u.

A entrevista, de pouco mais de três horas, ocorreu no Palácio Miraflores, sede da presidênci­a, e teve transmissã­o da emissora estatal Telesur para 138 representa­ções diplomátic­as venezuelan­as pelo mundo, entre elas, a do Rio de Janeiro.

O tema principal foi a crise na Venezuela, que vive em estado de exceção desde sexta-feira. A medida de Maduro, válida por 60 dias, lhe deu mais poderes para combater as dificuldad­es econômicas e conter a ofensiva da oposição para afastá-lo do poder.

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