Marcelo Odebrecht pede Dilma como sua testemunha
Lista de 15 pessoas consideradas ‘imprescindíveis’ para defesa de empreiteiro na Lava Jato inclui os ex-ministro Palocci e Mantega
Menos de uma semana após ser afastada temporariamente da Presidência da República por decisão do Senado, Dilma Rousseff foi arrolada como testemunha do maior empreiteiro do País, Marcelo Bahia Odebrecht, na Operação Lava Jato. O nome da petista aparece em último na lista de 15 pessoas que o empreiteiro, já condenado a 19 anos e quatro meses de prisão em uma das ações penais da operação, arrolou como testemunhas “imprescindíveis”.
A Odebrecht solicita ainda como testemunhas os ex-ministros da Fazenda nos governos Lula e Dilma, Antonio Palocci e Guido Mantega, respectivamente, além do ex-ministro da Secretaria de Comunicação no governo Dilma, Edinho Silva.
Ao arrolar Dilma, Mantega, Palocci, Edinho e mais 11 como suas testemunhas, o empreiteiro não explica o que espera que tais autoridades digam a seu favor perante a Justiça. O juiz Sérgio Moro pode exigir que o empreiteiro explique por que arrolou essas pessoas, a exemplo do que fez com outros réus que cha- maram políticos e até ministros para suas defesas na Lava Jato.
A lista de testemunhas faz parte da defesa prévia de Marcelo Odebrecht, primeira manifestação dos advogados do empresário após a denúncia contra ele ser aceita por Moro. Os advogados do executivo pedem, inicialmente, que ele seja absolvido das acusações e que, caso o juiz Moro siga com a ação, sejam ouvidas as testemunhas dele.
Nessa ação penal, Marcelo Odebrecht é acusado de liderar o “departamento de propinas” da Odebrecht, revelado pela Operação Xepa, 26.ª fase da Lava Jato. Segundo o Ministério Público Federal, o empreiteiro tinha conhecimento do setor e inclusive teria atuado para desmontá-lo e proteger os funcionários das investigações.
Ao todo, são 12 réus acusa-
Pedido dos de formação de organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção, incluindo o publicitário João Santana e sua sócia e mulher Mônica Moura, marqueteiros das campanhas eleitorais de Lula (2006) e Dilma (2010 e 2014).
Também foi denunciada Maria Lúcia Tavares, ex-secretária que atuava no Setor de Operações Estruturadas, nome oficial do “departamento de propinas”, que em seu acordo de colaboração revelou como funcionava o esquema de pagamentos ilícitos da empreiteira.
Marqueteiros. Nessa acusação, o Ministério Público Federal delimitou a denúncia aos repasses do setor de propinas para o casal de marqueteiros, que teria recebido US$ 6,4 milhões no exterior de contas atribuídas à Odebrecht e R$ 23,5 milhões no Brasil.
Além dos funcionários do setor da empreiteira, que tinham um software próprio para fazer a contabilidade da propina e um outro, chamado Drousys, em que eles se comunicavam por apelidos, o MPF afirma na denúncia que dois doleiros também teriam atuado para o “departamento da propina”, por meio de operações dólar-cabo, nas quais eles recebiam repasses da Odebrecht no exterior e liberavam em espécie no Brasil.
Ao todo foram 45 pagamentos aos marqueteiros no Brasil, de 24 de outubro 2014, ain- da durante o período eleitoral, até 22 de maio 2015.
A denúncia do setor de propinas não tem relação com a Petrobrás. As investigações da Lava Jato revelaram que o setor movi- mentou muito mais dinheiro, sem relação com a estatal, e para muitos outros destinatários envolvendo inclusive outras obras da empresa. Estes casos ainda estão sob investigação.