Maduro denuncia ‘campanha golpista’ e reitera que não aceitará revogatório
Em entrevista transmitida para 138 consulados e embaixadas por todo o mundo, chavista diz que Venezuela expulsou avião de espionagem dos EUA do espaço aéreo do país e acusou Washington de integrar complô com opositores internos
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou ontem em entrevista à imprensa internacional em Caracas – retransmitida para 138 consulados e embaixadas venezuelanas pelo mundo – que seu país está sob ameaça de uma intervenção militar orquestrada por EUA e Europa, apoiada por setores da direita venezuelana.
Segundo Maduro, uma aeronave militar espiã mandada pelos EUA foi expulsa do espaço aéreo da Venezuela por duas vezes na semana passada.
“Nossa Força Aérea detectou a entrada ilegal do avião Boeing 707 E-3 Sentry, que tem todos os mecanismos para espionagem eletrônica. Esse tipo de avião é utilizado para apoiar comunicações de grupos armados em zonas de guerra ou para preparar as condições para inutilizar equipamentos eletrônicos de funcionamento do governo”, disse Maduro, que anunciou a intenção de protestar formalmente junto aos EUA contra essas incursões ilegais.
O presidente mostrou jornais dos EUA e da Espanha com manchetes críticas a seu gover- no para corroborar a tese de um suposto golpe de Estado contra ele e descartou a possibilidade de que seu mandato seja revogado por um referendo, como quer a coalizão opositora Mesa de Unidade Democrática (MUD). Já foi recolhido 1,8 milhão de assinaturas de eleitores que apoiam o referendo, segundo os opositores.
“O povo diz ‘não’ ao referendo antipátria. Henrique Capriles precisa de um psiquiatra. Quem lê suas declarações não encontra nem um milímetro de boa-fé”, afirmou Maduro sobre o governador de Miranda, um dos líderes da oposição. “A Assembleia Nacional é inútil, incapaz, dominada pela burguesia, e está envolvida nesses planos (imperialistas).”
A entrevista foi transmitida pela rede de TV Telesul para as representações diplomáticas da Venezuela pelo mundo; entre elas, o consulado do Rio de Janeiro. Jornalistas designados pelo governo chavista puderam fazer perguntas, mas a maior parte delas foi de endosso ao tom do presidente. Maduro falou ininterruptamente por mais de três horas e criticou o impeachment da presidente Dilma Rousseff, que chamou de golpe de Estado (mais informações na página A8). Também tratou da economia e do caos social de seus país, cujo cenário é de escassez de alimentos e remédios e inflação.
As dificuldades vêm se aprofundando desde 2013 e foram agravadas pela queda nos pre- ços do petróleo a partir de 2014. Maduro disse não esperar reverter a crise na economia em 2016, tampouco em 2017, e atribuiu à crise a necessidade do decreto de estado de exceção e de emergência econômica emitido por ele no fim de semana.
“Quis dar essa entrevista pa- ra abrir uma janela e tentar neutralizar esses ataques, para que o mundo desperte para o risco de uma intervenção militar na Venezuela”, acrescentou o presidente. “Acham que vão dominar a América Latina, como fizeram com o Brasil.”
Segundo o presidente, há