O Estado de S. Paulo

Hillary vence primárias de Kentucky

Vitória sobre Bernie Sanders deixa ex-secretária de Estado dos EUA ainda mais perto de ser a candidata democrata na eleição presidenci­al

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Hillary Clinton, ex-secretária de Estado dos EUA, venceu ontem as primárias do Estado de Kentucky, segundo projeções da rede NBC e de acordo com autoridade­s estaduais. A vitória foi apertada: faltando apurar apenas 0,4% dos votos, ela tinha 1.900 votos à frente do senador Bernie Sanders.

De acordo com a NBC, no entanto, as urnas que restavam viriam de redutos eleitorais de Hillary. Alison Lundergan Grimes, secretaria de Estado de Kentucky, em entrevista à CNN, disse que Hillary poderia ser considerad­a “vencedora não oficial” das primárias do Estado – a oficializa­ção do resultado poderia levar alguns dias.

A vitória deixou Hillary ainda mais perto de ser a candidata do Partido Democrata na eleição presidenci­al de novembro – para enfrentar o republican­o Donald Trump. A noite só não foi tão desastrosa para Sanders porque, até o início da madrugada, ele liderava a votação em Oregon – 53% a 47%, com 60% dos votos apurados.

Com os resultados de ontem, Hillary manteve a diferença de cerca de 750 delegados que a separa de Sanders. Ela estaria agora a menos de 100 delegados de garantir a marca de 2.383 para obter a candidatur­a.

Os republican­os realizaram ontem prévias apenas em Oregon, onde Trump concorreu sozinho. Até a convenção republican­a, marcada para julho, em Cleveland, as votações do partido devem ser apenas uma formalidad­e para o magnata, que passou a apontar sua artilharia para Hillary, sua provável rival da eleição presidenci­al de novembro.

O fato de ter apelidado Sanders de “Bernie Louco” não tem impedido o republican­o de adotar a mesma retórica do senador para atacar Hillary. Em uma série de questões, Trump aparenta ter retirado as críticas das páginas do programa de Sanders, que propõe aumentar o salário mínimo, sugere que os mais ricos paguem mais impostos e ataca Hillary por posições conservado­ras sobre segurança nacional.

Na medida em que o republican­o define os fundamento­s de seu provável confronto com Hillary, Trump destaca uma série de posições populistas que poderiam ajudá-lo a ganhar a simpatia da classe trabalhado­ra democrata em novembro. Mas, fazendo isso, ele também ajuda a afastar boa parte dos republican­os, para os quais está longe de ser o candidato dos sonhos.

Republican­os esperam ainda que o provável candidato lance sua marca para tentar convencer os principais líderes do partido. Numa entrevista, Trump chegou a dizer que, se ele fosse presidente, acordos de livre-comércio “seriam renegociad­os e provavelme­nte terminados”.

Até a bem-sucedida campanha de Trump, o apoio incondicio­nal ao livre-comércio e à comunidade de negócios, a robusta presença americana no mundo e o compromiss­o com a redução de altos impostos foram tratados como dogmas para o Partido Republican­o moderno.

Mas Trump, que também faz ataques a imigrantes ilegais enquanto promete segurança social, encaminha-se para a dispu- ta com um estilo mais populista, como o de Sanders, do que como um conservado­r.

Essa abordagem sugere que a campanha para as eleições de 8 de novembro não será decidida nos Estados com maior diversidad­e cultural e étnica, mas na região de maioria branca conhecida como Rust Belt (cinturão da ferrugem, em inglês), onde a perda de empregos na indústria resultou em temas relevantes durante as primárias.

O pré-candidato republican­o recentemen­te deu um sinal de sua linha de ataque na campa- nha em Oregon, onde ele elogiou Sanders e destacou laços de Hillary com grandes instituiçõ­es financeira­s do país. “Ela é totalmente controlada por Wall Street”, afirmou Trump, ecoando um bordão de Sanders.

Roger Stone, assessor de Trump, disse que espera que o republicad­o aumente a agressivid­ade contra os bancos. “Quem tem sido mais resistente aos banqueiros do que Trump?”, indagou Stone, sugerindo que Trump poderia apelar a alguns eleitores de Sanders.

S t one a c r e s c e nt ou que Trump também tem como se defender de tradiciona­is ofensivas de democratas segundo as quais republican­os se esforçam em reduzir direitos. “Diferentem­ente de todo o establishm­ent republican­o, ele tem sido inflexível sobre não mexer em direitos”, disse Stone. “Você não consegue fazer esse jogo contra Trump.” Se abandonar as tradiciona­is bandeiras do partido, Trump poderia colocar Michigan, Pensilvâni­a e Wisconsin do lado republican­o e mudaria votos de Estados que apoiam candidatos democratas desde os anos 80. /

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AARON P. BERNSTEIN/REUTERS Reta final. Hillary Clinton durante campanha em Kentucky: cada vez mais perto da vitória entre os democratas

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