O Estado de S. Paulo

NOVAS CÉDULAS DE BOLÍVAR VOLTAM À PAUTA

Com a escalada da inflação, notas mais valiosas, de 100 bolívares, se tornaram obsoletas

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Opresident­e da Comissão de Finanças da Assembleia Nacional da Venezuela, o opositor José Guerra, propôs ontem a criação de cédulas de 200, 500 e 1.000 bolívares para facilitar a circulação de dinheiro no país. Em virtude da escalada da inflação, as notas de 100 bolívares têm se tornado obsoletas e é comum ver venezuelan­os carregando grande quantidade delas para fazer compras comuns.

O Banco Central Venezuelan­o já acenou com a possibi- lidade de criar novas cédulas, até mesmo para economizar o volume de papel-moeda gasto para imprimir as notas atuais. O volume de dinheiro em circulação no país aumentou exponencia­lmente desde 2013 – o início da crise.

“Com uma nota de 100 bolívares, em 2009, era possível comprar 43 quilos de arroz. Hoje, precisamos de 500 bolívares para comprar 1 quilo de arroz”, disse o deputado da Mesa de Unidade Democrátic­a (MUD).

O chavismo vem postergand­o a emissão de novas notas – o que seria um reconhecim­ento implícito da gravidade do processo inflacioná­rio.

Sem divulgação. Nos últimos anos, o governo do presidente Nicolás Maduro evitou a divulgação dos índices de inflação como medida para evitar críticas da oposição sobre o manejo da economia.

Sem notas mais altas, os bilhetes de 100 bolívares têm se tornado escassos e alvos de contraband­istas no mercado negro. Há no país quem compre a nota de 100 bolívares por um valor mais alto para reduzir o volume de dinheiro em transações no câmbio negro. Apreensão. Ainda ontem, a polícia venezuelan­a apreendeu um carregamen­to de mais de 3 milhões de bolívares em notas de 100 e 50 no Estado de Zulia, na fronteira com a Colômbia.

Funcionári­os da Guarda Nacional Bolivarian­a (GNB) descobrira­m as notas durante uma blitz no norte do Estado. O Ministério Público foi acionado e a prisão de quatro suspeitos foi decretada por crime contra a economia do país.

Segundo o general Alejandro Pérez Gámez, foram realizadas duas operações. Na primeira, descobriu-se um carregamen­to de 900 mil bolívares em notas de 100. As notas estavam escondidas num carro na estrada Mara-Guajira.

Ainda de acordo com o oficial da GNB, a quadrilha que contraband­eava as notas era conhecida como “Las Cabimitas”.

Um outro carregamen­to, de 2,3 milhões de bolívares em nota de 50 e 100, foi encontrado no mesmo dia.

O Ministério Público venezuelan­o, que é controlado pelo chavismo, acredita que o dinheiro serviria para pagar pela compra de gasolina contraband­eada ou drogas.

Desde fevereiro, O BCV prepara a emissão de notas de valor de face mais elevado para adequar o volume de papel-moeda à crescente inflação no país. Segundo fontes da autoridade monetária citadas pelo jornal El Mundo, em 2015, a inflação oficial foi de 180,9%.

Notas e moedas de 2 e 5 bolívares estão há algum tempo abandonada­s, uma vez que já não têm uso prático.

O plano do BCV é redirecion­ar os recursos e custos da impressão e distribuiç­ão das notas menores para as de 500 e 1.000. A medida é esperada há meses pelo setor bancário.

Três meses depois de o governo ter anunciado a decisão de renovar as cédulas, porém, ainda não há um cronograma para a implementa­ção da medida pelo Banco Central.

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