Sabesp quer atrair grandes consumidores
Durante a crise, 70% dos clientes ‘fidelizados’, como indústrias, buscaram fontes alternativas
Após declarar o fim da crise hídrica, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) começa agora a negociar com grandes consumidores para que eles abandonem os poços perfurados durante o período crítico de abastecimento na região metropolitana, entre 2014 e 2015, e voltem a consumir água produzida pela estatal.
No auge da crise, em janeiro de 2015, cerca de 70% dos cha- mados clientes fidelizados, como supermercados, montadoras e condomínios comerciais, haviam migrado para uma fonte alternativa, provocando perda de receita para a empresa. “Estamos em negociação com quem furou poço, como redes de supermercado e algumas indústrias. Em um primeiro momento, há interesse de indústrias e comércios em abandonar o poço pois, apesar do investimento feito, o custo operacional é maior do que a tarifa praticada pela Sabesp”, disse ontem o diretor me- tropolitano da estatal, Paulo Massato, durante conferência.
Dados do balanço financeiro da Sabesp mostram que o volume de água faturado pela companhia no primeiro trimestre, marcado por chuvas abundantes e pela declaração do fim da crise, só cresceu na categoria residencial (3,1%) na comparação com o mesmo período de 2015. Enquanto isso, nos setores industrial, comercial e público, onde se concentram os grandes consumidores, as quedas chegaram a 9,5%. “Na indústria, eu di- ria que a crise econômica é muito mais impactante do que a hídrica. Grandes consumidores, como a indústria automobilística, estão consumindo praticamente zero. No comercial é meio a meio”, afirmou Massato.
Até o ano passado, a Sabesp mantinha mais de 600 contratos com grandes consumidores, que gastam pelo menos 500 mil litros por mês. A vantagem para o cliente é que o custo do litro de água vai caindo na medida em que o consumo cresce, lógica inversa da tarifa convencional. Por exemplo: na faixa de consumo de 500 mil a 1 milhão de litros, cada mil litros (metro cúbico) custa R$ 14,59. Já acima de 40 milhões de litros, o preço cai para R$ 9,65. Para ter a tarifa reduzida, o cliente tinha de atingir uma meta mínima de consumo. Essa exigência foi suspensa em fevereiro de 2014, após o início da crise, e os clientes liberados a captar água de outras fontes.
“Durante a crise foi permitido que a tarifa ( reduzida) fosse praticada mesmo ( o cliente) não atingindo o mínimo contratual”, disse Massato. “Agora estamos conversando com a indústria e o comércio para que voltem ao volume contratado.”
Segundo a Sabesp, esses grandes consumidores respondem por 11,7% de todo volume faturado com água – 77,6%% são de residências e 10% de cidades permissionárias, como Guarulhos e Santo André –, mas oferecem receita maior, pois consomem mais e ajudam a subsidiar a tarifa dos clientes comuns.
Tarifa. O presidente da Sabesp, Jerson Kelman, disse que uma das prioridades é propor