O Estado de S. Paulo

Equipe econômica é bem recebida, mas mercado cobra anúncio de medidas

- Adriana Fernandes Murilo Rodrigues Alves

Sem medidas prontas para divulgar, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, parcelou o anúncio da equipe econômica. Confirmou ontem o nome de Ilan Goldfajn, economista-chefe do Itaú, para a presidênci­a do Banco Central, e de mais três novos secretário­s que terão como missão principal o ajuste fiscal e o controle das despesas públicas. As indicações para o comando da Caixa e do Banco do Brasil, porém, foram adiadas, ainda sem previsão de data.

O “time de Meirelles”, formado por executivos e pesquisado­res com perfil notadament­e liberal – Mansueto Almeida, na Secretaria de Acompanham­ento Econômico; Carlos Hamilton, na Secretaria de Política Econômica; e Marcelo Caetano, na Secretaria de Previdênci­a – agradou ao mercado financeiro. Mas a falta de medidas concretas para sinalizar como o País poderá sair da crise começa a causar ansiedade.

Para Thais Zara, economista­chefe da Rosenberg Associados, a estratégia de avaliar a situação primeiro para anunciar medidas depois talvez até seja adequada, dada a situação política. “Mas também não pode demorar muito. A ansiedade do mercado é grande”, disse.

O economista da 4E Consultori­a Bruno Lavieri também disse concordar com a cautela de Meirelles, mas destacou a necessidad­e do anúncio de novas medidas. “O novo governo já está trabalhand­o no esboço das medidas há algum tempo.”

Diante da pressão por medidas, o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, pediu “paciência” e “um tempo mínimo”. “É um governo de dois dias, mas a sensação que tenho é que estamos no governo há quatro anos”, disse. Depois de uma reunião com o presidente em exercício, Michel Temer, e líderes da base aliada, Geddel admitiu que o governo ainda precisa concluir o levantamen­to “de coisas gravíssima­s que erramos”. “Não tem lua de mel com o mercado. Há um casamento que começou com uma rapidez danada”, disse.

Na segunda entrevista coletiva convocada desde que assumiu o cargo, na semana passada, Meirelles voltou a dar sinais em direção à reforma na Previdênci­a e corte de despesas, mas não avançou nos detalhes de seu plano de voo para solucionar o buraco nas contas públicas. Meirelles voltou a dizer que a confiança vai evoluir gradualmen­te com a reforma da Previdênci­a e conforme forem anunciadas medidas fiscais. “A retomada da confiança é algo geométrico, começa devagar e depois acelera.”

Em relação à necessidad­e de criação de um imposto transitóri­o, como a CPMF, ou de elevação da carga tributária com outros tributos, como a Cide (incidente nos combustíve­is), disse que não há decisão e que “tudo será objeto de análise”.

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