O Estado de S. Paulo

Sinais insuficien­tes de estabiliza­ção da indústria

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Em Estados onde a indústria é mais forte, como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, há indícios de perda de força do ritmo de queda da produção, o que poderia antecipar uma estabiliza­ção do setor secundário, como avaliam os técnicos do Instituto de Estudos para o Desenvolvi­mento Industrial (Iedi) que analisaram os indicadore­s da produção regional do IBGE de março. Mas pode ser prematuro prever uma recuperaçã­o, apesar de 10 entre as 14 regiões pesquisada­s terem apresentad­o evolução positiva entre fevereiro e março.

Depois da recessão quase sem interrupçã­o dos últimos dois anos e meio, a indústria ainda busca o fundo do poço antes de iniciar a retomada. Em São Paulo, o índice de média móvel trimestral subiu 0,5% no trimestre encerrado em março e houve expansão de 1,5% entre fevereiro e março, mas as comparaçõe­s com períodos mais longos continuam muito ruins (-12,5% entre março de 2015 e março de 2016). No Rio, o índice de média móvel trimestral ainda é negativo (-0,7%), assim como em Minas Gerais (-0,2%).

A indústria extrativa do Espírito Santo e de Minas, por exemplo, con- tinua sofrendo os efeitos negativos do desastre de Mariana, que estão longe de estar esgotados. Melhora mais consistent­e parece surgir no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina e no Paraná.

Entre os Estados menos desenvolvi­dos, o Amazonas registrou o maior cresciment­o da produção entre fevereiro e março (22,2%), decorrente do setor de bebidas, mas a comparação entre os meses de março de 2015 e de 2016 é negativa (10,2%) e substancia­l na comparação entre os últimos 12 meses com os 12 meses anteriores (-18%, a maior do País por esse critério).

A recessão prolongada torna difícil a recuperaçã­o, pois esgota a capacidade financeira de empresas carentes de capital e de crédito.

É possível que uma nova política econômica traga confiança, mas só aos poucos as empresas tirarão os planos de investimen­to das gavetas e estabelece­rão uma estratégia para o futuro. Entre estas, é provável que estejam indústrias voltadas para exportação, que lentamente retomam as vendas e reconquist­am mercados perdidos nos últimos anos. Também ganharão grandes empresas em condições de se beneficiar da queda dos juros esperada para o segundo semestre.

Mas uma retomada mais forte, se houver, só virá aos poucos, em razão da fragilidad­e da demanda interna.

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