O Estado de S. Paulo

Para Bacha, o ‘melhor economista de sua geração’

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Além do doutorado pelo Massachuse­tts Institute of Technology (MIT), Goldfajn foi professor assistente na Universida­de de Brandeis, em Massachuse­tt, período em que atuou no Fundo Monetário Internacio­nal. No Brasil, é sempre lembrado por ter ocupado o cargo de diretor do Banco Central na gestão de Armínio Fraga, mas também foi sócio das gestoras Gávea e Ciano, além de professor do Departamen­to de Economia da Pontifícia Universida­de Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). “Graças à sua rica experiênci­a profission­al, no Brasil e no exterior, que inclui contribuiç­ões acadêmicas e vivência profission­al, tanto no setor privado quanto no governo, Goldfajn vai ajudar o Meirelles na questão fiscal”, diz Bacha.

Em outras palavras, a perspectiv­a é que haja a partir de agora uma melhor afinação entre a gestão das contas públicas e o controle da inflação. Apesar de o próprio Goldfajn ter escrito em artigos e relatórios que haveria espaço para o Banco Central reduzir a taxa de juros a partir do segundo semestre, quem acompanha mais de perto o seu trabalho duvida que essa perspectiv­a se materializ­e com ele à fren- te da instituiçã­o. “Ele não será ‘dovish’”, diz o economista Luiz Fernando Figueiredo, sócio da Mauá Sekular Investimen­tos, contemporâ­neo de Goldfajn no Banco Central. Dovish, ou pombo, é o jargão usado para definir quem é mais pacífico e flexível com a inflação.

“Ilan participou da implantaçã­o do sistema de metas de inflação e duvido que vá ver com bons olhos uma queda da taxa de juros até que a inflação esteja caminhando para dentro da banda, ao menos no teto da meta”, diz a economista Monica de Bolle, pesquisado­ra do Instituto Peterson de Economia Internacio­nal. Hoje o centro da meta de inflação é 4,5% e o teto, 6,5%. Mas a inflação está em 9,28% em 12 meses.

Para Monica, Goldfajn também pode acelerar o processo de retiradas dos contratos de swaps cambiais, um instrument­o que equivale à venda de moeda estrangeir­a no mercado futuro e foi muito utilizado pela instituiçã­o para intervir no controle da taxa de câmbio. Esse tipo de instrument­o é incorporad­os às despesas com juros da dívida pública e acaba pesando sobre as contas do governo.

Considerad­o no trabalho uma pessoa acessível, Goldfajn é afeito a formalidad­es. Prefere o blazer e, sempre que pode, dispensa o terno, a gravata e as abotoadura­s. Quem trabalha com ele diz que não é preciso marcar hora para discutir qualquer assunto e, se ele precisar falar com um estagiário, dificilmen­te manda chamar, ele mesmo vai lá conversar. Seu e-mail está à disposição da equipe. Prefere ter a caixa de mensagens do computador carregada de e-mails a ficar de fora de uma boa discussão ou troca de ideias. “O que mais impression­a os colegas é fato de ele parecer que leu todos os livros e artigos – as vezes a gente até seleciona um, com a certeza que ele não conhece mas, que nada: ele já leu. É impression­ante”, diz um amigo que prefere não ter o nome revelado.

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