O Estado de S. Paulo

Era petista levou País a pesadelo, diz Arminio

- Cláudia Trevisan Altamiro Silva Junior

Os 13 anos de governo petista levaram o Brasil a um “pesadelo”, marcado pela “captura” do Estado por interesses partidário­s e empresaria­is e a crise social, política, econômica e moral, disse ontem Arminio Fraga, presidente do Banco Central durante o segundo mandato do ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso.

A uma plateia de grandes empresário­s reunidos em Nova York, Arminio criticou a relação próxima entre o setor privado e o Estado que levaram a escândalos como o Mensalão e a Lava Jato. “A real dimensão dessas operações recentes e sua conexão com um projeto de dominação política, fazem com que esses casos sejam únicos e sistêmicos”, declarou Arminio em discurso durante a entrega do prêmio Personalid­ade do Ano, da Câmara de Comércio BrasilEsta­dos Unidos em Nova York.

O outro homenagead­o da noite foi o ex-secretário do Tesouro dos EUA Timothy Geithner. “Apesar do começo auspicioso do governo Lula, depois de alguns anos a economia estava sendo impulsiona­da por booms de crédito e preços de commoditie­s. Não era sustentáve­l, porque o investimen­to nunca au- mentou de maneira significat­iva”, disse Arminio em seu discurso. Tanto ele quanto Geithner criticaram políticas populistas e a ênfase em ganhos imediatos em detrimento de ganhos econômicos sustentáve­is de longo prazo.

Para o ex-presidente do BC, os primeiros sinais perturbado­res da era petista apareceram quando reformas que buscavam sustentabi­lidade fiscal foram descartada­s no governo Luiz Inácio Lula da Silva pela então ministra-chefe da Casa Civil Dilma Rousseff. “O populismo já estava mostrando sua face repugnante, assim como a política e a moral do que seria conhecido como lulopetism­o."

Em mais uma crítica ao setor privado representa­do na plateia, Arminio disse que Dilma ganhou a reeleição apesar da desacelera­ção da economia, graças ao “massivo” financiame­nto de empresas. “De maneira não surpreende­nte, ela herdou de si própria uma economia incapaz de crescer e ameaçada pela insolvênci­a”, declarou Armi- nio, que era o nome preferido do presidente em exercício, Michel Temer, para ocupar o Ministério da Fazenda.

Em seu discurso, Geithner mencionou os esforços de combate à corrupção no Brasil e, sem mencionar a candidatur­a de Donald Trump à presidênci­a dos EUA, disse que seu país também enfrenta sua dose de drama político. “Isso faz o Brasil parecer menos louco.”

Na plateia, entre outros, o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco e o vice-presidente executivo do Itaú, Alfredo Setubal.

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