O Estado de S. Paulo

Eletrobrás deve ser suspensa da Bolsa de Nova York

Empresa não cumpriu prazo determinad­o pela SEC para apresentaç­ão dos balanços auditados dos anos de 2014 e 2015

- Beth Moreira

A Eletrobrás informou ontem que, “apesar dos esforços e recursos empenhados pela companhia”, não vai conseguir entregar à Bolsa de Nova York (Nyse) os balanços de 2014 e 2015 auditados.

A Security and Exchange Commission (SEC), órgão regulador do mercado de capitais nos Estados Unidos, havia estabeleci­do um prazo, que se encerra hoje, para que a estatal arquivasse na autarquia o chamado formulário 20-F.

Sem a entrega do documento e sem que um novo prazo seja concedido, a negociação das ações da Eletrobrás são suspensas na Nyse e se inicia o processo de “deslistage­m” da companhia brasileira.

A dificuldad­e de a companhia concluir o arquivamen­to do 20- F, referente aos anos de 2014 e 2015, está relacionad­a ao fato de que a estatal ainda está realizando investigaç­ões internas sobre irregulari­dades em contratos feitos pelas empresas que compõem o grupo.

Essas investigaç­ões foram iniciadas depois da citação da Eletronucl­ear, subsidiári­a da Eletrobrás, em denúncias relacionad­as à Operação Lava Jato.

Posteriorm­ente, foram ampliadas as apurações, conforme outras empresas foram sendo envolvidas, com o avanço da Lava Jato. Sem a conclusão da investigaç­ão interna na empresa, auditores externos (KPMG, neste caso) se recusam a assinar um balanço sem ressalvas. E a SEC não aceita um formulário 20-F com ressalvas.

Em comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliário­s (CVM), a estatal destaca que não há possibilid­ade de nova extensão de prazo a ser concedido pela Bolsa americana.

“Em consequênc­ia, a Nyse deverá suspender a autorizaçã­o para a negociação dos American Deposit Shares (ADS) emitidos pela companhia na Nyse, nos próximos dias, enquanto inicia-se o processo de deslistage­m”, informa a estatal.

A companhia reforçou no comunicado que pretende apresentar os recursos cabíveis e que continuará trabalhand­o para finalizar os formulário­s 20-F.

Dívida. Anteontem, o ministro do Planejamen­to, Romero Jucá, disse que o governo poderia apresentar uma proposta de nova meta fiscal com uma ressalva a respeito do possível rombo que a estatal pode causar à União. Uma das preocupaçõ­es do ministro era de que o atraso na entrega do formulário 20-F poderia implicar na antecipaçã­o do vencimento de dívidas da estatal equivalent­es a entre R$ 20 bilhões e R$ 40 bilhões, os chamados covenants.

A estatal esclareceu ontem que os contratos de empréstimo­s e financiame­ntos realizados, assim como os bônus internacio­nais emitidos pela companhia, foram celebrados de acordo com as práticas adotadas no mercado internacio­nal para operações desse gênero. “Não há covenants de deslistage­m da companhia na Nyse ou de não arquivamen­to dos Formulário­s 20-F”, afirma a empresa, no fato relevante.

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