Procurador-geral denuncia Cunha e afirma que MPF não é ‘justiceiro’
Janot oferece ao STF a 3ª acusação contra o parlamentar e reage a críticas pelos pedidos de prisão de líderes do PMDB
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ofereceu ontem a terceira denúncia contra Eduardo Cunha (PMDB-RJ) no mesmo dia em que reagiu às críticas pelos pedidos de prisão do presidente afastado da Câmara e outros integrantes da cúpula peemedebista – o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), o senador Romero Jucá (RR) e o ex-presidente da República José Sarney (AP).
Em pronunciamento durante um evento em Brasília, Janot afirmou que ser do “Ministério Público não é ser justiceiro” e que nenhuma autoridade “estará acima da lei”. “Da esquerda à direita, do anônimo às mais poderosas autoridades, ninguém estará acima da lei.”
Janot fez menção à divulgação dos pedidos de prisão dos peemedebistas – nos quais ele aponta tentativa de obstruir a Lava Jato – e chamou de “levianas” as acusações de que o vazamento teve origem na Procuradoria. “Figuras de expressão nacional tentam disseminar a ideia estapafúrdia de que o procurador-geral da República teria vazado informações sigilosas para pressionar o Supremo Tribunal Federal. O vazamento não foi da PGR. Aliás, envidarei todos os esforços que estiverem ao meu alcance para descobrir e punir quem cometeu esse crime.”
O ministro do STF Gilmar Mendes criticou durante a se- mana os vazamentos, classificados como uma “brincadeira” com a Corte. Ontem, ao comentar no Rio os pedidos de prisão, Gilmar disse que é preciso “cautela” e o fato de criticar a Lava Jato, “por si só”, não é crime.
Porto. A Corte recebeu ontem de Janot a terceira acusação contra Cunha na Lava Jato. O presidente afastado da Câmara é acusado de ter recebido R$ 52 milhões em propina nas obras do Porto Maravilha, no Rio. A informação apareceu no andamento do processo no STF no início da noite e, minutos depois, foi retirada, ao mesmo tempo em que surgiu a mensagem “lançamento indevido”.
Em nota, Cunha informou que não têm relação com os fatos da denúncia. “É estranha a seletividade do procurador-geral com relação a mim, onde nenhum dos três inquéritos que originaram as respectivas denúncias não chegaram nem a tomarem a minha oitiva para ter a oportunidade de rebater os fatos, o que é anormal”, disse. Se a denúncia for aceita, Cunha se tornará réu em mais uma ação da Lava Jato.