O Estado de S. Paulo

PF intima Delfim para esclarecer pagamento feito pela Odebrecht

Sobrinho do ex-ministro diz ter recebido R$ 240 mil em espécie da empreiteir­a em seu escritório ‘a pedido’ do economista

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A delegada da Polícia Federal Renata da Silva Rodrigues, da força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba, intimou o exministro da Fazenda Delfim Netto para “prestar esclarecim­entos” sobre por que recebeu, segundo seu sobrinho, R$ 240 mil em espécie entregues pela empreiteir­a Odebrecht em 22 de outubro de 2014 no escri- tório do advogado e sobrinho do ex-ministro Luiz Appolonio Neto, na capital paulista.

A Lava Jato chegou ao nome do ex-ministro e criador do “milagre econômico” da ditadura militar depois de encontrar planilha do Setor de Operações Estruturad­as da Odebrecht, nome oficial do que os investigad­ores chamam de “departamen­to de propinas”. Na planilha constava a entrega de R$ 240 mil no endereço de Appolonio. Levado a depor na 26.ª fase da Lava Jato, em março, o advogado disse que não se recordava de ter recebido a quantia.

Na segunda-feira passada, contudo, Appolonio enviou ofício à PF em Curitiba informando que os “referidos valores não lhe pertencem, apenas foram recebidos no endereço mencionado a pedido do economista Antonio Delfim Netto, o qual, por motivos particular­es e em ra- zão de sua avançada idade, não quis receber em seu escritório”. Segundo o advogado, todo o valor foi repassado ao ex-ministro, que o recebeu “em virtude de consultori­a prestada”.

Os advogados Ricardo Tosto e Maurício Silva Leite, que defen-

O criminalis­ta José Roberto Batochio assumiu a defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, alvo da Operação Lava Jato. Defensor do ex-ministro Antonio Palocci, Batochio vai atuar em parceria com o escritório Roberto Teixeira e Cristiano Zanin Martins, que representa o petista desde o início da investigaç­ão.

O ex-presidente foi denunciado

dem Delfim Netto, refutaram qualquer irregulari­dade. “O economista Antônio Delfim Netto prestou serviços de consultori­a na área econômica e recolheu todos os impostos em decorrênci­a da prestação dos serviços.”

A defesa de Luiz Appolonio pelo Ministério Público Federal por suspeita de tentar comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobrás e delator Nestor Cerveró. Lula também é investigad­o no caso de um sítio em Atibaia e de um tríplex no Guarujá – patrimônio que a defesa nega ser dele.

Batochio defende investigad­os de três grandes operações em curso – Lava Jato, Zelotes e Acrônimo. Na Lava Jato, representa o ex-ministro Antonio Palocci. Na Acrônimo e na Zelotes, defende o empresário Carlos Alberto de Oliveira Andrade, do grupo Caoa.

diz que todos os esclarecim­entos já foram prestados às autoridade­s e que “ficou demonstrad­o que ele não tem qualquer participaç­ão nos fatos investigad­os”. A Odebrecht não quis comentar o caso.

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FELIPE RAU/ESTADÃO-27/03/2014 Serviço. Defesa diz que Delfim Netto prestou consultori­a

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