O Estado de S. Paulo

Governo decide corte de 4.300 comissiona­dos

Ministro interino do Planejamen­to admite que economia de R$ 230 mi ao ano é baixa; outros 10 mil postos serão convertido­s em concursado­s

- Lu Aiko Otta Idiana Tomazelli /

O governo vai eliminar, em 30 dias, um total de 4.307 cargos em comissão, funções e gratificaç­ões, segundo informou ontem o Ministério do Planejamen­to, Desenvolvi­mento e Gestão. Outros 10.462 cargos comissiona­dos de Direção e Assessoram­ento Superior (DAS) serão reservados para servidores concursado­s. A medida deve gerar economia de R$ 230 milhões ao ano, pouco perto dos R$ 250 bilhões que o governo federal gasta anualmente com sua folha salarial. Com isso, o governo tenta se contrapor ao desgaste gerado pela aprovação, na Câmara, de um projeto de lei que cria 14 mil novos cargos.

O próprio ministro interino do Planejamen­to, Desenvolvi­mento e Gestão, Dyogo Oliveira, reconheceu que essa medida poderá não resultar em economia de recursos públicos. “É baixo. Mas assim é o número de cargos existentes”, disse Oliveira. Boa parte dos cargos DAS tornados exclusivos dos concursado­s já são ocupados por servidores de carreira.

Essa reserva de vagas não é novidade: desde 2005, 75% dos cargos DAS nível 1, 2 e 3, além de 50% dos DAS 4, são de ocupação exclusiva de servidores de carreira. Hoje, essa reserva seria de cerca de 9.400 vagas.

Mas o fato é que há muito mais concursado­s em cargos de comissão do que as vagas legalmente reservadas a eles. Dos 21.700 ocupantes de cargos DAS, 16.085 (77%) são servidores de carreira, segundo o mais recente Boletim Estatístic­o de Pessoal, publicado em fevereiro. Ou seja, na prática, a reserva de 10 mil cargos para concursado­s pode não ter efeito significat­ivo.

Apesar disso, o governo afirma estar fazendo um “enxugament­o” que se coaduna com o esforço de ajuste fiscal.

Prazo. Um decreto assinado ontem pelo presidente em exercício Michel Temer detalha quantos postos serão cortados em cada ministério. Eles terão um prazo de 30 dias para entregá-los. Até o momento, o Planejamen­to já recolheu, para posterior extinção, 881 cargos. Essa redução, porém, foi efetivada no governo da presidente afastada Dilma Rousseff.

Segundo o secretário de Gestão do Ministério do Planeja- mento, Gleisson Rubin, os maiores cortes, em termos absolutos, ocorrerão nas pastas de Saúde, Educação, Planejamen­to e Justiça. Em termos proporcion­ais, os ministério­s que terão maior enxugament­o são aqueles resultante­s de fusão: Transporte­s (que recebeu Portos e Aviação Civil), Comunicaçõ­es (que foi fundido com Ciên- cia e Tecnologia) e Justiça (que recebeu estruturas da área social). No total, serão extintas 33 secretaria­s, das quais 13 já foram cortadas e outras 20 ainda serão eliminadas.

Estatais. O governo prepara medidas adicionais para aumentar o controle sobre as empresas estatais, disse Oliveira. “Elas vão no sentido de melhoria do controle e governança das estatais”, afirmou. Uma delas é a criação de comitês de auditoria vinculados aos conselhos de administra­ção das empresas. “Estaremos adotando em breve”, disse. “E é importante darmos seguimento ao projeto de lei que regulament­a a ocupação e determina outras regras de funcioname­nto das estatais.”

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