O Estado de S. Paulo

Discussões sobre Previdênci­a estão longe de acordo

Governo e sindicatos não chegam a consenso sobre idade mínima e plano de fechar proposta de reforma na semana que vem será adiado

- Bernardo Caram /

A menos de uma semana do fim do prazo para apresentaç­ão de uma proposta de reforma para a Previdênci­a Social, o grupo de trabalho formado por membros do governo e de centrais sindicais está longe de um consenso. A fixação de uma idade mínima para aposentado­ria é o principal ponto de discórdia entre governo e representa­ntes dos trabalhado­res.

A divergênci­a foi exposta em encontro na tarde de ontem no Palácio do Jaburu, onde o presidente em exercício Michel Temer ofereceu um almoço para cerca de 80 sindicalis­tas aliados à sua gestão. No dia 16 de maio, o peemedebis­ta montou o grupo de trabalho para discutir e elaborar, em até 30 dias, uma proposta de modificaçã­o no sistema previdenci­ário. O prazo vence na próxima quartafeir­a.

No Ministério da Fazenda, a avaliação é de que há possibilid­ade real de que esse prazo estoure. Isso porque os técnicos da Pasta estão mergulhado­s em duas outras prioridade­s: a elaboração da proposta que estabelece limites para o gasto público e a renegociaç­ão das dívidas dos Estados com a União.

Uma reunião com o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, está agendada para segunda-feira, dia 13. No encontro, será formalizad­a a proposta das centrais para a Previdênci­a. O presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP), o Paulinho da Força, que participou do almoço com Temer, espera que o governo já apresente uma contraprop­osta no mesmo dia, mas também se mostrou descrente quanto ao cumpriment­o do prazo. “Uma questão tão grave como essa não vai ser resolvida em 30 dias”, disse.

Ponto fortemente defendido pelo governo, a definição de uma idade mínima para a aposentado­ria, não é aceita pelos sindicalis­tas. Desde que assumiu o cargo, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, defende que a regra seja criada, afirmando que o ponto é um dos fatores de maior peso na proposta que será apresentad­a pelo Executivo. “O governo insiste em idade mínima. As centrais não concordam e vamos discutir”, afirmou Paulinho. Segundo ele, Temer concordou que é preciso continuar debatendo o tema.

De acordo com o dirigente sindical, as centrais apresentar­am medidas alternativ­as para reforçar o caixa da Previdênci­a, como um programa de refinancia­mento de dívidas previdenci­árias de empresas e a venda de prédios públicos sem uso.

Estiveram na reunião representa­ntes da Força Sindical, Central dos Sindicatos Brasileiro­s (CSB), União Geral dos Trabalhado­res (UGT) e Nova Central Sindical de Trabalhado­res (NCST). A Central Única dos Trabalhado­res (CUT) e a Central dos Trabalhado­res e Trabalhado­ras do Brasil (CTB) não têm participad­o dos encontros por serem contrárias ao governo Temer.

Críticas. Durante o almoço, Temer fez críticas à postura adota- da pelo PT em sua gestão. De acordo com o peemedebis­ta, não houve transição quando assumiu o Palácio do Planalto. “Não tivemos portas abertas”, disse, em uma das falas da reunião reproduzid­as em sua conta no Twitter.

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DIDA SAMPAIO/ESTADÃO–6/1/2015 Na agenda. Centrais devem se reunir com Eliseu Padilha na próxima segunda-feira

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