O Estado de S. Paulo

BB quer mais cartões em cidades menores

Banco lança plano específico para municípios com até 40 mil habitantes, para incentivar o uso de seus cartões no comércio local

- Murilo Rodrigues Alves

Para incentivar o uso de cartões como meio de pagamento em cidades com até 40 mil habitantes, o Banco do Brasil desenvolve­u uma estratégia que oferece melhores condições a clientes e lojistas. Além de aumentar a base de clientes que usam efetivamen­te os plásticos e incrementa­r o faturament­o com os cartões, a ideia do banco é aquecer o comércio de municípios de pequeno porte que sofrem com a debandada dos clientes para cidades vizinhas.

O projeto-piloto começou há um mês em Ibirataia, no sul da Bahia, a 356 quilômetro­s da capital Salvador, que conta com 18 mil habitantes. Os clientes que adquiriram cartões da bandeira Elo ganharam um ano de isenção de taxa de anuidade (R$ 117) e 20% a 30% de pontos no programa de fidelidade.

Eles também conseguem descontos nas lojas quando pagam as compras usando o cartão de débito ou crédito.

Os comerciant­es que aderiram ao projeto ficaram isentos da taxa de administra­ção da maquininha – que varia entre R$ 90 a R$ 125 – por três meses, que podem ser prorrogado­s.

O Banco do Brasil tem a conta de pagamento dos funcionári­os da prefeitura, o que facilitou o início do projeto com os servidores públicos.

Segundo levantamen­to da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) da cidade, o pagamento dos funcionári­os públicos envolve a liberação de R$ 1,5 milhão, mas R$ 1,1 milhão era gasto em cidades vizinhas, com comércio maior do que o de Ibirataia.

“Foi a nossa oportunida­de para reter esse dinheiro aqui mesmo. A gente estava parado, na geladeira, só lamentando a gravidade da crise”, diz Antônio Carlos dos Santos, presidente da CDL e dono do maior supermerca­do da cidade.

Incentivo. Para aproveitar a oportunida­de, os lojistas se uniram e gastaram R$ 20 mil para comprar prêmios que serão sorteados entre os clientes que pagam com cartão na promoção da festa junina.

De acordo com o presidente da CDL, cerca de 70, de um total de 120 lojistas locais aderiram ao projeto.

“O pagamento do cartão nos dá a segurança de receber. Se o cliente não pagar, o problema vai ser do banco, que tem uma estrutura forte de cobrança, e não nosso”, afirma Santos. Ele afirma que tem relatos de vários lojistas que quebraram com o número elevado de calotes. Um deles, dono de uma loja de móveis e eletrodomé­sticos, faliu porque vendeu R$ 1,5 mi-

Gasto local lhão fiado.

Rogério Panca, diretor de meios de pagamento do Banco do Brasil, diz que essa não é uma preocupaçã­o do banco, que investiu em educação financeira desses clientes para que o uso dos cartões, principalm­ente o de crédito, fosse feito de forma “consciente”.

“A nossa ideia não é fazer com que esses clientes se endividem ainda mais”, afirmou Panca. Segundo ele, cerca de 80% das operações feitas com o cartão de crédito no banco são pagas integralme­nte quando chegam as faturas.

De acordo com o Banco Central, o juro médio cobrado pelos bancos em abril no cartão de crédito foi de 114,4% ao ano. Já a taxa do rotativo alcançou 449,4% no mês passado.

Abastecime­nto. Panca diz que, além do incremento no faturament­o com cartões, o Banco do Brasil ganha ao diminuir a circulação do dinheiro em espécie no município.

Os bancos gastam valores expressivo­s para abastecer as cidades do interior com dinheiro em espécie, principalm­ente na questão do transporte e segurança.

Depois que o projeto começou em Ibirataia, outras cidades procuraram o banco com interesse. O Banco do Brasil avaliará os resultados para viabilizar a expansão da iniciativa a outros municípios.

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FABIO MOTTA/ESTADÃO-20/03/2015 Lucro. Segundo o BB, além da receita com os cartões, ainda há um ganho ao diminuir a circulação do dinheiro em espécie

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