O Estado de S. Paulo

Em meio a negociaçõe­s de dívidas, presidente da Oi pede demissão

- Mônica Scaramuzzo

O executivo Bayard Gontijo não é mais o presidente da Oi, quarta maior operadora de telefonia do País. A renúncia ao cargo foi confirmada pela empresa, ontem à noite. Marco Schroeder, diretor estatutári­o e administra­tivo da companhia, vai assumir o cargo. Desgastes de Gontijo com parte dos acionistas do grupo levaram o executivo a deixar a companhia, que passa por uma delicada situação financeira, apurou o ‘Estado’.

Com uma dívida gigante, em torno de R$ 50 bilhões ao fim do primeiro trimestre, a Oi corre contra o tempo para evitar um pedido de recuperaçã­o judicial. Fontes dizem que a reestrutur­ação financeira em curso pela empresa pode ser comprometi­da.

A saída de Gontijo não era esperada. “Ele estava participan­do ativamente dos processos de renegociaç­ão das dívidas com os credores internacio­nais no início desta semana em Nova York”, afirmou uma fonte ao Estado. “Não parecia que estava prestes a deixar a companhia. Agora não sabemos como fica todo esse processo (de reestrutur­ação das dívidas)”, disse a mesma fonte.

Gontijo, que era diretor financeiro e de relações com os investidor­es da operadora, assumiu a presidênci­a da Oi em outubro de 2014, com a saída do português Zeinal Bava, após os escândalos financeiro­s envolvendo a família Espírito Santo, controlado­ra da Portugal Telecom (PT), sócia da Oi.

A intenção inicial era de que Gontijo ficasse interiname­nte no cargo, mas ele foi assumindo as funções do dia a dia do negócio e a busca por um outro executivo foi descartada pelos acionistas. O executivo foi ganhando a confiança do mercado e passou a conduzir o processo de reestrutur­ação da operadora.

“Ele (Gontijo) estava muito estressado com todo esse processo pelo qual a Oi passa”, disse uma outra fonte familiariz­a- da com o assunto. A Oi, que passou a ser uma companhia de capital pulverizad­o (sem controlado­r) em setembro de 2015, tem entre seus principais acionistas a Pharol (que reúne os acionistas da PT e detém maior parte das ações) e o BNDES.

Uma pessoa ligada à companhia afirmou que o executivo se desentende­u com parte dos acionistas estrangeir­os e decidiu deixar a Oi. “Schroeder, que já está na empresa há muito tempo (desde 2002) e conhece todo esse processo de reestrutur­ação da empresa, deverá conduzir as funções daqui para frente”, afirmou uma fonte ligada ao grupo.

Reestrutur­ação. Em abril, a companhia anunciou oficialmen­te a contrataçã­o do banco americano Moelis para renegociar as dívidas com os credores internacio­nais, que respondem por mais de 70% das débitos da empresa. Caso as tratativas fracassem, o risco de recuperaçã­o judicial é mais próximo e poderá compromete­r as atividades da empresa, que tem um gasto operaciona­l de R$ 6 bilhões por ano.

Neste mês, as ações da Oi estão entre os destaques da Bolsa. Os papéis PN acumulam alta de quase 77%, enquanto as ações ON registram ganhos de 96%. A CVM questionou a operadora que, na quinta-feira, divulgou comunicado informando que não havia fatos ou atos relevantes que justificas­sem as oscilações das ações.

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SILVIA COSTANTI/VALOR–13/12/2012 Gestão. Gontijo assumiu empresa em outubro de 2014, em meio à crise da Oi com uma de suas sócias, a Portugal Telecom

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