O Estado de S. Paulo

Ação é investigad­a como pior atentado desde 11 de Setembro

Apesar de polícia ainda não confirmar vínculo direto de atirador com EI, ataque à Pulse é tratado como terrorismo

- Cláudia Trevisan

No que está sendo investigad­o como o maior atentado terrorista da história dos EUA desde o 11 de Setembro, um homem que jurou lealdade ao Estado Islâmico (EI) matou a tiros 50 pessoas e deixou 53 feridas em uma casa noturna frequentad­a pelo público LGBT em Orlando, na Flórida.

Mensagem em árabe divulga- da por um site associado ao EI disse que o ataque foi realizado por um dos seguidores do grupo, mas autoridade­s dos EUA declararam à agência Reuters que ainda não havia evidências que vinculasse­m o atirador diretament­e à organizaçã­o.

O criminoso foi identifica­do pela polícia como o americano filho de afegãos Omar Mateen, de 29 anos. O ataque é a maior chacina a tiros nos EUA desde a registrada na universida­de Virginia Tech, em 2007, quando 32 pessoas morreram.

Carregando um fuzil semiautomá­tico e uma pistola, o atirador entrou na boate Pulse no início da madrugada de ontem, quando cerca de 300 pessoas estavam no local para uma festa latina. O clube é um dos principais pontos de encontro da comunidade gay de Orlando. Às 3 horas da manhã, a boate publicou uma mensagem no Facebook: “Todo mundo saia da Pulse e comece a correr”. A polícia só entrou no local às 5 horas.

Ronald Hopper, da divisão do FBI em Tampa, na Flórida, disse que Mateen havia sido investigad­o duas vezes pela agência antes dos ataques. A primeira em 2013, quando ele declarou a colegas de trabalho que tinha laços com grupos terrorista­s. Em 2014, Mateen voltou ao radar do FBI por suspeita de ligação com um homem que nasceu na Flórida e foi para a Síria lutar nas fileiras de uma organizaçã­o extremista. Nos dois casos, o FBI concluiu que não havia provas suficiente­s.

O atirador trabalhava desde 2007 como guarda de uma empresa de segurança (mais informaçõe­s na página A10). Nos últimos dias, ele comprou as duas armas de maneira legal, segundo a agência reguladora do governo americano. Em mensagem divulgada no início do mês, o porta-voz do EI, Mohammed al-Adnani, conclamou muçulmanos a atacar m infiéis durante o Ramadã, mês sagrado para o Islã, que começou no dia 5.

“O Ramadã está chegando, o mês de ataques e da jihad, o mês da conquista, portanto, esteja preparado e esteja em alerta e se assegure de que todos vocês passem (o Ramadã) no ataque em nome de Deus.”

A orientação da organizaçã­o é a de que “lobos solitários” atuem por conta própria, sem necessidad­e de ordens diretas. Há seis meses, o casal Syed Rizwan Farook e Tashfeen Malik matou a tiros 14 pessoas em San Bernardino, na Califórnia. Segundo o FBI, ambos se radicaliza­ram nos EUA, inspirados por propaganda na internet.

2h Omar Mateen, residente em Fort Pierce, na Flórida, estaciona sua van próximo à boate Pulse.

2h02 O homem entra no local com um fuzil de assalto modelo AR-15, uma pistola e cartuchos de munição e abre fogo contra os frequentad­ores. Um policial armado à paisana confronta Mateen e tem início um tiroteio. Após os primeiros disparos, Mateen deixa a boate e retorna ao local. Além de equipes regulares da polícia, a força especial Swat também é acionada.

3h A casa noturna posta um alerta no Facebook. Policiais são avisados, de dentro do edifício, que pelo menos 15 pessoas estão escondidas em um banheiro.

5h Polícia inicia invasão da casa noturna e tentativa de resgate dos reféns. Agentes detonam explosivos para distrair o atirador. Nove policiais invadem o clube e tiros são trocados. Mateen é morto. Um policial é baleado na cabeça, mas seu capacete o salva.

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