O Estado de S. Paulo

Casa noturna foi inaugurada como uma homenagem

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A fundadora da boate Pulse, que ontem se tornou palco do pior massacre a tiros da história recente dos EUA, inaugurou o clube em homenagem ao irmão, que morreu de aids, e em apoio à comunidade de gays, lésbicas, bissexuais e transgêner­os. Barbara Poma, cujo irmão morreu em 1991, abriu a casa noturna em 2004 com o sócio Ron Legler. A Pulse promove os direitos LGBT

destruição em massa é terrorismo. Dessa vez, o alvo foi a nossa comunidade”, observou.

A seu lado, a amiga Neicha Rivera, de 23 anos, interpreta­va o ataque como um crime de ódio. “Pode ter sido um ataque contra a comunidade LGBT. Muita gente não gosta de nós. Eles nos julgam”, afirmou.

O porto-riquenho Rafael Martinez tentava encontrar sua amiga mexicana Alicia, uma transexual que se apresentar­ia no show de drag queens que deveria ocorrer na Pulse na noite de sábado. Quando soube da tragédia, ele tentou falar com ela por telefone, sem sucesso. Ontem, foi a sua casa, mas não a encontrou. Como não é um parente, Martinez não conseguiu entrar nos hospitais onde os 53 feridos estão sendo tratados.

Sem notícias de Alicia, ele decidiu permanecer ao lado de uma das barreiras policiais no local do crime. Ao lado da namorada Antonette Gonzalez, Martinez exibia um cartaz que desenhou com a imagem de Mickey Mouse chorando. “Por que o ódio?”, perguntava Martinez.

Sua namorada disse que morava em Nova York quando ocorreram os atentados do 11 de Setembro, em 2001. “O ataque contra o World Trade Center foi claramente terrorismo. Nós ainda não temos uma resposta completa, mas o que aconteceu aqui me parece mais um crime de ódio, algo pessoal.”

Tim H., que pediu para não ser identifica­do pelo sobrenome, disse que o tiroteio foi um “ataque sem sentido” contra a comunidade gay, da qual faz par- te. Mas ele também viu a ação de Omar Mateen como um ato de terrorismo contra os Estados Unidos. “Eu temo que outros virão”, afirmou.

Em sua opinião, o atentado mudará a maneira como os clubes LGBT funcionam no país. “A partir de agora, haverá mais segurança.” Para ele, o ataque não seria evitado com regras mais rigorosas sobre a comerciali­zação de armas nos EUA. “O atirador trabalhava como segurança e tinha porte de armas”, observou.

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