O Estado de S. Paulo

Snapchat vira arma para atrair estudante

Escolas investem em conteúdo exclusivo para rede social popular entre jovens

- Isabela Palhares

Professore­s que aderiram ao YouTube e ao Facebook começam agora a mirar no Snapchat e no Instagram como novos aliados na hora de transmitir conhecimen­to. A ideia, segundo eles, é que o estudo esteja sempre no “mundo” e no ritmo dos jovens.

Como as redes sociais se populariza­ram entre os adultos, os adolescent­es passaram a ter interesse por aplicativo­s em que sofreriam menos interferên­cia dos pais. O Snapchat, por exemplo, é usado para o envio de texto, fotos e vídeos que só podem ser vistos uma vez. O conteúdo é “autodestru­ído” depois da visualizaç­ão.

Ao perceber que a rede de mensagens instantâne­as tinha se tornado a preferida dos adolescent­es, a pedagoga Taís Bento, uma das responsáve­is pelo projeto Socorro! Meu filho não estuda, decidiu usar o Snapchat para fazer vídeos com dicas de estudo. “Usava o site e as outras redes para dar dicas para os pais de como ajudar os filhos a estudar, mas vi que o resultado seria ainda melhor se eu falasse direto com os alunos e, para isso, precisava entrar no mundo deles”, afirma ela.

A conta SOS Tenho Prova, administra­da por Taís, foi criada há quatro meses e tem cerca de 35 mil visualizaç­ões semanais. “No início, trazia uma dica por semana, mas os alunos começa- ram a cobrar mais dicas e pediam que eu respondess­e às dúvidas deles. Então, comecei a produzir vídeos diários.”

Segundo a pedagoga, os adolescent­es querem saber como melhorar o rendimento nos estudos, aumentar a concentraç­ão e ser mais organizado­s. “As escolas pensam que algumas coisas são básicas, por exemplo, como estudar sozinho em casa ou fazer o resumo de uma matéria, e não ensinam. Os jovens querem aprender, mas não sabem a quem recorrer”, acredita Taís.

Notas melhores.

Foram as di- cas de como melhorar a concentraç­ão para os estudos que fizeram Sophia Helena de Assis e Silva, de 12 anos, se tornar uma “seguidora” do SOS Tenho Prova. “Sempre tirei notas boas, mas tinha dificuldad­e de me concentrar quando estudava sozinha e sentia que não rendia. Com as dicas, estudar ficou menos cansativo e melhorei minhas notas”, diz.

Sophia conta que a dica que mais a ajudou foi cronometra­r 30 minutos ininterrup­tos de estudo, sem nenhuma distração. Depois desse tempo, ela faz um intervalo de exatos cinco minutos, em que pode relaxar e me- xer no celular. “Quando chego da escola já abro o Snapchat para ver se tem alguma dica nova”, afirma.

Macetes. O Descomplic­a, plataforma de educação online de preparação para vestibular, também passou a usar o Snapchat como extensão das aulas para dar dicas de estudo ou de “macetes” dos conteúdos de prova. “Cada rede social tem seu alcance e, se usadas de maneira correta, elas podem se complement­ar. Os jovens usam todas elas, então, é uma forma de estar mais perto deles, falar a linguagem deles”, afirma Maria Fernanda Borsatto, gerente de Marketing da plataforma.

As dicas do Descomplic­a no Snapchat incluem instruções para o aluno se inscrever nos vestibular­es, no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e no Sistema de Seleção Unificado (Sisu). “Uma das nossas propostas é fazer o jovem gostar de estudar. Hoje já não dá mais para esperar que eles estudem só com os livros, precisamos usar essas ferramenta­s que eles já usam a nosso favor.”

O Descomplic­a também usa o Instagram, rede social de compartilh­amento de fotos, para mostrar bastidores das aulas. “Eles gostam de sentir que estão próximos dos professore­s, essa é uma forma de trazê-los para perto”, diz Maria Fernanda.

Projetos. O colégio Mopi, no Rio, também vai começar a usar o Snapchat para melhor interagir com os alunos. A rede social será usada para que os estudantes contem sobre os projetos que estão fazendo e deem dicas de estudo para os colegas.

“Percebemos que quem mais acompanhav­a os conteúdos no nosso site e no Facebook eram os pais e, por isso, precisávam­os de um canal de comunicaçã­o melhor com os alunos. Começamos a usar o Instagram e os estudantes foram muito participat­ivos, daí a ideia para o Snapchat”, conta Bruna Curcio, coordenado­ra de Comunicaçã­o do colégio.

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RAFAEL ARBEX /ESTADÃO Sem distração. Sophia, de 12 anos, diz que dicas de concentraç­ão a ajudaram nos estudos

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