O Estado de S. Paulo

Teto para gastos deve ser votado até julho

Temer planeja entregar proposta pessoalmen­te a deputados ainda nesta semana; único partido que já anunciou oposição ao texto foi o PT

- Adriana Fernandes Igor Gadelha /

O governo do presidente em exercício Michel Temer quer votar até o fim de julho no plenário da Câmara a Proposta de Emenda à Constituiç­ão (PEC) que cria um teto para o cresciment­o do gasto público, atrelado à inflação do ano anterior. A matéria é considerad­a a principal proposta do pacote fiscal anunciado pela equipe econômica. A expectativ­a é de que a proposta seja levada ainda esta semana aos líderes da base aliada pessoalmen­te por Temer. Mas, segundo o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, não será mais amanhã, como previsto inicialmen­te.

“O prazo (de vigência da medida) terá de ser maior do que o mandato presidenci­al”, disse Padilha ontem ao Estado. O desenho da proposta ainda será apresentad­o ao presidente. Segundo interlocut­ores de Temer, o prazo de vigência da PEC deverá ser uma média entre cinco e dez anos. A equipe econômica, que fará a justificat­iva da proposta, defende que o período de vigência do teto seja condiciona­do a uma trajetória definida de queda da dívida pública em relação ao PIB em conjunto com outras variáveis macroeconô­micas.

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, se reuniu no fim de semana para discutir o texto que será encaminhad­o ao Congresso. Segundo fontes, Meirelles tem como objetivo que o teto seja suficiente­mente claro para que os agentes econômicos se antecipem e comecem a tomar decisões de investimen­to baseadas nos efeitos futuros do limitador de despesas. Ele prevê que os gastos podem cair entre 1,5 a 2 pontos porcentuai­s na relação com o PIB em três anos após a implementa­ção do limite do teto.

Fontes da área econômica frisam, porém, que será necessária a adoção de outras medidas para que as contas públicas vol- tem, com maior rapidez, a registrar resultados superavitá­rios.

“É uma questão complicada, temos de ver quanto o País vai crescer, a queda da taxa de juros real de equilíbrio da economia e outras variáveis”, disse um integrante da equipe econômica envolvido nas discussões.

Temer pretende ir ao Congresso acompanhad­o do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Depois de protocolad­a a proposta, a primeira etapa será aprovar a admissibil­idade na Comissão de Constituiç­ão e Justiça (CCJ), onde apenas a constituci­onalidade é analisada. O líder do governo na Câmara, deputado André Moura (PSCSE), disse já ter recebido pedido de parlamenta­res da base aliada para relatar a matéria, mas ainda analisa que quem será o relator. A ideia é escolher um deputado da base que tenha domínio sobre matérias econômicas e com perfil conciliado­r.

Passo a passo. Depois de aprovada a admissibil­idade, a PEC seguirá a uma comissão especial, que analisará o mérito. Pelo regimento, o colegiado tem até 40 sessões para votá-la, ou cerca de 13 semanas, nas contas do líder do governo. Esse prazo, porém, nem sempre é seguido. A PEC da DRU, por exemplo, ficou parada por quase seis meses na comissão especial. Daí, a proposta pode seguir para o plenário, onde precisa ser votada em dois turnos por 308 deputados. “Nossa ideia é levar a PEC até o final de julho para ser votada no plenário’, diz Moura.

O único partido que já anunciou oposição a matéria foi o PT. A legenda pretende obstruir as tentativas de votação da PEC por meio de sucessivos requerimen­tos de retirada de pauta.

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ADRIANO MACHADO/REUTERS-2/6/2016 Trâmite. Proposta vai à Câmara esta semana, diz Padilha

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