Empresa pode ficar para trás de novos concorrentes
Por meio do iTunes, loja de venda de músicas e ‘podcasts’ da Apple, os usuários podem encontrar mais de 325 mil podcasts. A empresa espera que os usuários ouçam 10 bilhões de episódios em seus apps – computadores, dispositivos móveis e na Apple TV – até o fim do ano.
ra uma sessão fechada com os funcionários da empresa, segundo os presentes. “Acho que todo mundo que está seriamente envolvido neste espaço gostaria pelo menos de saber qual é a cartada final. As pessoas acreditam que há um próximo passo a ser dado”, diz Chris Morrow, chefe da Loud Speakers Podcast Network, entidade que representa produtores de podcasts.
Mercado. O formato cresce há anos, mas teve um boom em
“A Apple construiu essa vila dez anos atrás. Há coisas e personagens muito interessantes nela. Mas ela hoje tem a população de uma cidade – e quando uma vila vira uma cidade, você precisa de infraestrutura”, diz Matt Lieber, cofundador da Gimlet Media.
Em janeiro, o serviço de streaming Spotify começou um projeto ambicioso de ‘podcasts’. Entre as promessas da empresa para os podcasters estão hospedagem, streaming e dados extensos de escuta. O Audible, servi-
2014, com a estreia de Serial, programa que em sua primeira temporada reexaminou um caso de assassinato. O programa agradou o pessoal da cultura pop e foi baixado mais de 110 milhões de vezes. Até o ano passado, pelo menos 46 milhões de americanos ouviram podcasts todos os meses. Este ano, o número vai alcançar 57 milhões, segundo pesquisa da Edison Research.
Mas o podcast ainda é um produto de uma era diferente: quando Jobs atualizou o tal softwa- ço de audiobook da Amazon, está investindo pesadamente em conteúdo original de áudio sob a orientação de Eric Nuzum, antigo vice-presidente da Radio Pública Nacional.
“Estamos ativamente distribuindo nosso conteúdo em vários lugares diferentes hoje”, afirma Laura Walker, presidente e executiva-chefe da Rádio Pública de Nova York, cujos ‘podcasts’ incluem ‘Radiolab’, ‘Freakonomics’, e ‘2 Dope Queens’. “Estão todos crescendo.”
re, em 2005, a Apple ainda voltava à força total com os iPods. O iPhone só sairia em 2007.
Hoje, a Apple é uma das maiores empresas do mundo, mas o podcasts lhe dão pouquíssima receita direta. Talvez seja por isso que a central de podcasts do iTunes permanece inalterada desde 2005. Compartilhar um programa em redes sociais – que não existiam na época – exige muitos cliques.
A promoção interna dentro do iTunes é uma das poucas ma- neiras confiáveis para construir audiência, principalmente para programas novos. No entanto, quem decide o que vale a pena é uma pequena equipe, que há anos escuta as reclamações dos produtores de conteúdo.
A questão para os podcasters – e para a Apple – é sobre o que vem depois. Há duas opções óbvias: resolver os problemas da indústria ou correr o risco de perder seu domínio de uma mídia cujo nome nasceu de uma marca da empresa – o “pod” de podcast é uma referência ao iPod.
Até os podcasters estão em dúvida; mesmo sem se mexer, a Apple mantém atrativos. “Algumas pessoas podem argumentar que o podcast deveria ter avançado”, diz Andy Bowers, diretor de conteúdo da rede de podcasts Slate’s Panoply. Mas, desde 2005, afirma, “eles ofereceram condições muito boas”.
Em termos de receita, o podcast ainda é minúsculo se comparado com a indústria da tecnologia e do entretenimento.
Os podcasters podem vender anúncios que custam de US$20 a US$100 para cada mil ouvintes. Para podcasts com centenas de milhares de ouvintes – e, em casos raros, milhões – esses números podem ser bem altos. O gasto com propagandas vai gerar centenas de milhões de dólares para a indústria este ano, diz Matt Lieber, cofundador da Gimlet Media, startup de podcasts que conseguiu US$ 7,5 milhões de capital de risco.
Expansão. Aumentar muito essa indústria, porém, é complicado. A Apple não permite que os programas cobrem das pessoas para baixar episódios, por exemplo, e não apoia assinaturas, como desejam alguns podcasters.
Ao contrário de músicas, filmes e apps – fonte de bilhões de dólares para a Apple, que leva partes das vendas e das assinaturas – a companhia não ganha nada com publicidade e todos os programas são gratuitos. Não há nada para dividir. Hoje, o podcast é apenas mais um recurso livre para ajudar a empresa a vender mais iPhones e iPads.