O Estado de S. Paulo

FUNDO DO POÇO

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dadas das Eliminatór­ias e na Olimpíada será outro. Tite é cotado. O treinador de ontem rasgou mais uma página na história de uma seleção que um dia foi gloriosa. Uma seleção que em uma Copa do Mundo em casa levou 7 a 1 da Alemanha. E que nas duas últimas Copas América, a do ano passado com Dunga, não passara das quartas de final. Mas contra o Peru deu para ver que o fundo do poço ainda não havia chegado.

Dunga pagou o preço da indecisão, de não saber montar o time e de fazer opções erradas ao escalar e ao trocar a equipe. Não adianta reclamar dos seis cortes que foram feitos em relação à convocação inicial, aos problemas na preparação. Um time que só consegue ganhar do Haiti não tem desculpa. Desde 1987 que o Brasil não saía na primeira fase de uma Copa América.

Ontem, como ocorreu na eliminação nas quartas de final da Copa da África do Sul, em 2010, o que se viu foi um Dunga passivo, incrédulo à beira do campo. Ele não sabia o que fazer com o time, como mudá-lo. Aceitou sem reagir ao domínio peruano no segundo tempo.

Mais uma vez a seleção brasileira se complicou diante de um time estruturad­o. Fez uma primeira etapa até razoável, apesar da falta de maior objetivida­de. Mas a segunda foi sofrível – e sofrida. A evolução tão decantada por Dunga e os jogadores não se vê em campo. A não ser contra adversário­s como o Haiti.

Antes do início da partida, foi observado um minuto de silêncio em respeito às vítimas do ataque a uma boate gay em Orlando. O atentado teve como consequênc­ia um cuidado maior da segurança em relação a outros jogos. A revista às pessoas que acessaram o estádio foi mais rigorosa. Com Casemiro suspenso, Dunga abriu mão da segurança que um volante marcador como Walace poderia representa­r e preferiu mandar a campo um time mais atrevido. Recuou Re- nato Augusto para ajudar Elias na função de volante e colocou Lucas Lima com a missão de armar o jogo. Enfim o camisa 10 da seleção começou uma partida, como muitos brasileiro­s desejavam. Dunga fez mais: trocou Jonas por Gabriel e, com isso, ganhou mais movimentaç­ão à frente.

Conservado­r Dunga só foi na defesa, ao promover a volta de seu capitão, Miranda, no lugar no jovem Marquinhos. Fez um opção pela segurança. Não deu certo. O time até fez primeiro tempo razoável, mas pecou pela falta de objetivida­de.

Se no primeiro tempo o rendimento da seleção foi razoável, o segundo a equipe esteve irreconhec­ível. O time errava passes, marcava mal e dava espaço para o Peru, que foi para cima, animando a torcida, sempre disposta a apoiar.

Lucas Lima sumiu, Gabriel sumiu. O Brasil sumiu. O Peru passou a controlar o jogo. Dunga demorou para mexer e, quando o fez, errou ao colocar Hulk no time.

E o que se temia aconteceu. Aos 29 minutos, num contraataq­ue, Ruidíaz, que havia entrado pouco antes, marcou, de mão, o gol do Peru, num lance que levantou polêmica e uma discussão à beira do gramado. Mas, após muita reclamação dos brasileiro­s e do juiz uruguaio Andres Cunha claramente consultar alguém que não estava em campo, o gol foi confirmado.

A consulta ao vídeo pelo árbitro ainda está em fase de testes autorizado­s pela Internatio­nal Board, mas apenas em algumas competiçõe­s. A Copa América não faz parte da relação e a Conmebol não confirmou se obteve autorizaçã­o para usá-lo.

Mas nada serve de desculpa. Daí para frente, o que se viu foi um bando tentando empatar no desespero. Não daria mesmo certo. E Dunga se despede outra vez de maneira melancólic­a.

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STEVEN SENNE/AP Irregular. Ruidíaz ajeita a bola com a mão e vence Daniel Alves e Alisson

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