Freiras sabiam da visita de kirchnerista, prova vídeo
Gravação desmente declarações de religiosas de que foram surpreendidas com chegada de López
As freiras do convento em que o ex-secretário de Obras kirchnerista José López tentou esconder US$ 8,9 milhões há um mês mentiram. Um vídeo gravado com câmaras de segurança mostra que as religiosas não foram surpreendidas pelo ex-funcionário que chegou de madrugada com sacolas cheias de notas.
Nas imagens divulgadas na terça-feira pelo canal Telefé, López toca a campainha e deixa um fuzil no piso ao lado da porta da casa principal, já dentro da área cercada do monastério. Ele solta algumas bolsas no chão enquanto espera. Uma das freiras abre a porta e o ajuda a colocar as sacolas para dentro.
O vídeo indica uma proximidade maior com o kirchnerista do que as religiosas relataram. López está calmo enquanto espera para entrar, o que também contradiz o depoimento de que ele aparentava ansiedade para deixar as sacolas. López ficou uma hora dentro do convento até a chegada da polícia, alertada por um vizinho que estranhou o carro com o motor ligado do lado de fora.
O vídeo, extraído de câmaras do próprio convento, não permite concluir se as freiras conheciam o conteúdo das bolsas. Elas disseram inicialmente que achavam tratar-se de comida.
As contradições foram suficientes para o promotor federal Federico Delgado chamar as religiosas ontem para interrogatório na condição de suspeitas. Investigação indica que houve 11 telefonemas entre o celular da mulher de López e o da irmã Alba, de 94 anos, que comanda o lugar. Isso foi interpretado como mais um indício de que Alba e as religiosas sabiam que o kirchnerista as visitaria.
Até sua morte, há dois meses, ali morava um dos líderes da Igreja Católica argentina, o arcebispo Rubén di Monte, amigo do ex-ministro do Planejamento Julio de Vido, hoje deputado. Ele era chefe imediato de López, que coordenou a distribuição de obras públicas nos governos de Néstor (2003-2007) e Cristina Kirchner (2007-2015).