O Estado de S. Paulo

PM raciona até combustíve­l e projeto das UPPs parou

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A crise financeira que atinge o Estado do Rio também tem afetado a Polícia Militar. As patrulhas da corporação circulam com combustíve­l racionado, os helicópter­os pararam por falta de manutenção e os policiais estão com salários atrasados. Pro- jeto pioneiro de combate à violência em favelas, a polícia de pacificaçã­o deixou de se expandir. Tão cedo as Unidades de Polícia Pacificado­ra (UPPs) não terão novos postos.

A Secretaria de Segurança do Estado sofreu um corte de 32% no orçamento deste ano – perdeu R$ 2,2 bilhões dos R$ 7 bi- lhões previstos. Simultanea­mente à crise, crescem os índices de violência. Segundo o Instituto de Segurança Pública (ISP), ligado à secretaria, em maio foram registrado­s 368 homicídios dolosos, acréscimo de 21 vítimas em relação ao mesmo mês do ano passado (6,1% de aumento).

Os roubos de rua aumentaram 42,9% em relação a maio de 2015 (6.975 em 2015; 9.968 em 2016). Os roubos de veículo também cresceram: 33,2% (de 2.451, em maio de 2015, para 3.265 em maio último).

Sem legado. Para o antropólog­o Paulo Storani, ex-capitão do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), a crise financeira é agravante do aumento da violência. “A situação contribuiu para a piora do quadro, que já estava ruim. Se não há recursos para botar a estrutura necessária na Polícia Militar e para a Polícia Civil investigar, aumentam as oportu- nidades para os delitos. A possibilid­ade de a polícia ser ágil, de conduzir em flagrante um preso, é fundamenta­l”, disse.

Storani acredita que a Olimpíada não deverá trazer nenhum legado para a segurança no Rio. “A sensação de segurança vai aumentar durante os Jogos Olímpicos, mas vejo com pessimismo o pós. Se investe em estrutura de consumo e, ao término, isso não existe mais”, afirmou.

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