O Estado de S. Paulo

Procurador­ia investiga novo chefe da Samarco

MPF apura o descumprim­ento de ações emergencia­is cobradas pelo Ibama após a ruptura de Fundão

- Leonardo Augusto

O Ministério Público Federal (MPF) em Minas Gerais abriu procedimen­to investigat­ório criminal contra o atual presi- dente da Samarco, Roberto Lúcio Nunes de Carvalho, para apurar o não cumpriment­o de forma integral, pela empresa, de ações emergencia­is cobradas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) por causa do rompimento da Barragem de Fundão, em Mariana, em novembro do ano passado. A tragédia matou 18 pessoas e deixou um desapareci­do.

Carvalho assumiu o cargo em janeiro no lugar de Ricardo Vescovi, investigad­o pela Polícia Fe- deral. Os procurador­es afirmam que até hoje “a Samarco não cumpriu plenamente nenhuma das ações emergencia­is de precaução ambiental”. “A conduta omissiva do presidente da empresa pode configurar crime ambiental.”

Segundo o MPF, o texto especifica­mente informa que “até o momento, a empresa não foi capaz de conter os 24,8 milhões de metros cúbicos de rejeitos que continuam espalhados pela área atingida e correspond­em a 77% do total que foi lançado da Barragem de Fundão em novembro de 2015. A aproximaçã­o da temporada de chuvas faz aumentar a preocupaçã­o”.

Os procurador­es afirmam ainda que em 7 de junho o Iba- ma entregou ao presidente da Samarco nota técnica informando que, de um total de 11 medidas de precaução, 4 foram parcialmen­te adotadas e 7, ignoradas. Além de instaurar o procedimen­to, o MPF orientou o Ibama a incluir as controlado­ras da Samarco, Vale e BHP Billiton, em todas as notificaçõ­es.

A Samarco informou que “vem cumprindo os compromiss­os previstos no acordo assinado com os governos federal, de Minas e do Espírito Santo”. “A empresa esclarece que definiu um plano detalhado para a contenção dos rejeitos de Fundão.” Já a BHP reiterou que “colabora com as autoridade­s”.

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