Membros da Força Nacional protestam no Rio
Policiais ameaçam deixar o trabalho em razão das más condições de alojamento em prédio do Minha Casa Minha Vida
Dezenas de policiais militares da Força Nacional de Segurança Pública que estão no Rio para fazer a segurança da Olimpíada fizeram protesto ontem e ameaçam retornar aos seus estados, abandonando o patrulhamento dos Jogos. Os PMs criticam as “péssimas condições de alojamento” em imóveis do programa Minha Casa Minha Vida, no Largo do Anil, em Jaca- repaguá.
Os policiais também reclamaram de atraso nos pagamentos das diárias e da carga horária de trabalho a ser executada durante o período dos Jogos. Cerca de 200 representantes da PM de Santa Catarina ameaçam retornar ao seu Estado. Pelo menos 20 deles já teriam pedido para abandonar a segurança dos Jogos. A revolta dos militares preocupa as Forças Armadas, responsáveis pela segurança dos jogos e têm nos policiais militares da Força Nacional parte do apoio para o trabalho de policiamento.
De acordo com os PMs, eles foram alojados em apartamentos do Minha Casa Minha Vida ainda não entregues aos seus moradores. Mas os imóveis não estão mobiliados e eles estariam dormindo no chão ou improvisando colchonetes. Além disso, não há onde comer nas proximidades ou condução para sair do local. Até para deslocamento, em caso de mobilização, não há meios de transporte, segundo as queixas.
Vários dos imóveis não teriam sequer energia elétrica, de acordo com a reclamação dos policiais. A Secretaria de Grandes Eventos do Ministério da Justiça, responsável pela convocação dos PMs até às 20h20 não retornou os contatos.
O Ministério da Justiça não informou exatamente quantos homens da Força Nacional serão empregados na segurança dos Jogos. A previsão é de que cerca de 4,5 mil chegariam ao Rio até o próximo dia 25 de julho. A estimativa é de que cerca de 1,5 mil já estejam na cidade.
Um dos agentes postou nas redes sociais texto em que denuncia o “abuso” a que diz estar sendo submetido e afirma que mais da metade do efetivo cogi- ta abandonar o trabalho. “Estamos dormindo em colchão de ar, que tivemos que comprar, pois não nos forneceram beliches nem colchões.” Ele conta que os agentes ocupam “uns apartamentos, no meio de uma favela”, onde “nos falta água para tomar banho, onde não podemos ter fogão para fazer comida, temos de ficar fazendo engenhocas para comer. Temos apenas uma farda e não podemos nem ter um varal. Sem contar que as diárias prometidas não estão sendo pagas”, afirmou.
“Estamos trabalhando mais de 60 horas semanais, numa escala de 12 por 24”, acrescentou. Mas “essas 24 horas de folga se tornam 16, pois temos que estar prontos duas horas antes do início do serviço e quando largamos o serviço levamos quase duas horas para chegar ao local de descanso.
O policial disse que “nessas condições ficaremos doentes e não conseguiremos prestar um serviço de excelência”.
Vídeos do protesto foram divulgados pelos policiais nas redes sociais. O grupo circulou pelas ruas vizinhas ao condomínio com faixas e cartazes em que reclamam das condições a que estão sendo submetidos. /