O Estado de S. Paulo

Venda de dívida será destinada a investimen­tos

Projeto que autoriza o governo a vender títulos de dívida no mercado reserva 30% dos recursos a investimen­tos, o que poderia render R$ 19,6 bilhões

- Adriana Fernandes /

O projeto de lei que autoriza a venda ao mercado de dívidas da União por meio da emissão de títulos, a chamada securitiza­ção de créditos, poderá canalizar cerca de R$ 19,6 bilhões para investimen­tos do governo federal, Estados e municípios.

O cálculo é da assessoria técnica do Senado que trabalha na elaboração do substituti­vo. Uma cláusula incluída ontem no parecer após negociação com o relator, deputado Paulo Bauer (PSDB-SC), destina 30% dos recursos obtidos nesse programa para investimen­tos.

A expectativ­a é que a securitiza­ção renda R$ 65,2 bilhões para Estados e prefeitura­s, na hipótese de os créditos serem vendidos com um deságio de 50%. No caso do governo federal, devem ser obtidos R$ 55 bilhões.

A principal vantagem desse projeto, que o Senado só deve votar em plenário em agosto, é antecipar para os cofres federais recursos que ingressari­am ao longo do tempo. Com a crise financeira do setor público, a aprovação do projeto é vista como uma fonte de receita fundamenta­l no curto prazo para os governos enfrentare­m o período de vacas magras e baixa arrecadaçã­o de tributos até que a economia saia da atual recessão.

O projeto autoriza que União, Estados e prefeitura­s vendam ao mercado os créditos que os contribuin­tes parcelaram. Essa venda será feita com um deságio. As instituiçõ­es financeira­s que comprarem esses créditos poderão “empacotá-los” por meio de Fundos de Direito Creditício­s e vender para os seus clientes. DRU. Ontem, possivelme­nte o último dia de funcioname­nto do Congresso antes do início do “recesso branco”, o governo conseguiu aprovar, na Comissão de Constituiç­ão e Justiça (CCJ), a proposta de emenda à Constituiç­ão (PEC) que prorro-

Ficou para depois O governo não conseguiu aprovar ontem o projeto da Lei de Diretrizes Orçamentár­ias de 2017 na Comissão Mista de Orçamento, como era a expectativ­a. A reunião foi cancelada ga até 31 de dezembro de 2023 a Desvincula­ção de Receitas da União (DRU). Esse mecanismo permite que parte do dinheiro federal que é “carimbado” para determinad­as finalidade­s, como saúde, educação e Previdênci­a, possa ser usado em outras finalidade­s.

Atualmente, esse mecanismo flexibiliz­a o uso de 20% dos recursos vinculados. O texto aprovado ontem no Congresso eleva esse porcentual para 30% e estende a permissão para Estados e municípios.

A prorrogaçã­o da DRU era uma prioridade do governo do presidente em exercício, Michel Temer. Aprovada na Comissão, ela segue para o plenário do Senado, para votação em dois turnos.

A matéria já passou pela Câmara dos Deputados.

Orçamento. O governo não conseguiu, por outro lado, ver aprovado o projeto da Lei de Diretrizes Orçamentár­ias de 2017 na Comissão Mista de Orçamento, como era a expectativ­a. A reunião foi cancelada por causa da eleição do novo presidente da Câmara.

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