O Estado de S. Paulo

Número de inadimplen­tes cai pela 1ª vez em dois anos no País

Movimento ocorrido de abril para maio foi favorecido pela maior flexibilid­ade dos credores na renegociaç­ão

- Márcia De Chiara

O pior momento da inadimplên­cia do consumidor pode ter ficado para trás. Pela primeira vez em dois anos, o número de brasileiro­s inadimplen­tes diminuiu em maio. Naquele mês, 59,4 milhões de pessoas constavam na lista de devedores com prestações em atraso. É 1,3 milhão de inadimplen­tes a menos do que no mês anterior, quando o indicador apurado pela Serasa Experian, empresa de informaçõe­s financeira­s, atingiu o recorde da série iniciada em 2012 no País. Em abril deste ano, 60,7 mi- lhões tinham dívidas em atraso.

Outro indicador reforça o movimento de melhora no calote. Cresceu 3,8% no primeiro semestre do ano em relação a igual período de 2015 o número de pessoas que saiu do cadastro de inadimplen­tes, aponta a Boa Vista SCPC, empresa especializ­ada em informaçõe­s financeira­s.

O curioso é que o alívio entre os inadimplen­tes ocorre apesar de o cenário econômico continuar difícil, com aumento do desemprego e do desempenho ainda negativo do ritmo de atividade. Economista­s das duas empresas que calculam os indicadore­s de solvência atribuem boa parte do resultado positivo à maior flexibiliz­ação dos credores na hora de renegociar.

A corretora de imóveis Rita Maria de Andrade, de 55 anos, mãe de três filhos, conseguiu sair da lista de inadimplen­tes, beneficiad­a por condições mais favoráveis na renegociaç­ão. “Reduzi a quase um terço o valor da prestação”, conta a corretora.

Faz três anos que Rita pegou um empréstimo pessoal para fechar as contas do dia a dia, mas se complicou por duas vezes e foi parar na lista de inadimplen­tes. A primeira vez foi no início de 2015, quando conseguiu sair da lista e baixar a prestação de R$1,3 mil para R$ 900. Mas logo voltou a ser inadimplen­te. No fim de 2015, Rita recebeu a comissão pela venda de um imóvel e tratou de negociar a dívida: conseguiu reduzir a prestação para R$ 350 e alongar o prazo de pagamento. “Fiquei surpresa”, diz ela.

Simone Lima, diretora da Serasa Consumidor, observa que o segmento que mais se esforçou em maio para limpar o nome foi o dos jovens, que contam com o auxílio da família para quitar as pendências. Ela não acha que esse seja movimento sustentáve­l.

Para o economista da Boavista SCPC, Flávio Calife, a queda ocorreu porque as pessoas tomaram menos crédito, consumiram menos e acabaram tendo um respiro para renegociar a dívida atrasada.

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GABRIELA BILO/ESTADÃO Sem dívida. Rita conseguiu sair da lista de devedores

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