O Estado de S. Paulo

O DESAFIO DE LEVAR AS CICLOVIAS À PERIFERIA

Haddad amplia malha no centro de SP e regiões onde mais se anda de bicicleta não têm vias

- Adriana Ferraz

dia, na norte. A estratégia explica o resultado da última pesquisa da Rede Nossa São Paulo – entre os mais pobres, 83% nunca usaram ciclovia – e aponta os desafios do próximo prefeito.

Criticada ao longo de toda a gestão Fernando Haddad (PT), a política de ampliação das ciclovias foi aos poucos deixada de lado nesta campanha. Quando citam o tema, os principais concorrent­es do prefeito dizem só que vão aprimorar o modelo, rever os trechos mais polêmicos e, quando possível, ampliar a rede. É o que prometem João Doria (PSDB), Marta Suplicy (PMDB) e Celso Russomanno (PRB). Nesta reta final, nin- guém diz que é contra, muito menos arrisca anunciar uma expansão, seja qual for a direção.

Apesar de não ter sido priorizada no plano cicloviári­o por Haddad, a periferia é a região onde mais se anda de bicicleta em São Paulo. O extremo leste é o campeão na escolha do modal como meio de transporte diário. O grupo de bairros formado por Jardim Helena, Itaim Paulista, São Miguel, Vila Curuçá e Vila Jacuí está em primeiro no ranking. A média na região é de 18 mil viagens a trabalho, por dia, segundo outra pesquisa de mobilidade, desta vez realizada pelo Metrô, em 2012.

Necessidad­e. Após três anos da divulgação do estudo, só Jardim Helena e São Miguel receberam ciclovias na gestão petista. A expansão de 447% da malha seguiu por outros caminhos: República, Santa Cecília, Consolação, Bela Vista, Vila Mariana e Moema (veja mapa).

Para o cicloativi­sta William Cruz, a decisão de abastecer primeiro a região central com ciclovias não foi errada, mas deve agora ser complement­ada. “O próximo governo deve investir na construção de uma malha que leve às estações de trem e depois interligá-las com as pistas que chegam ao centro”, disse. Segundo Cruz, outra medida importante é planejar redes nos bairro, com acesso aos cen- tros comerciais. Há demanda para isso”, afirma.

As primeiras pistas inaugurada­s por Haddad ocuparam ruas do centro, como a Avenida Duque de Caxias, a Alameda Eduardo Prado e as ruas do entorno dos Largos do Paiçandu e do Arouche. De lá, a ampliação se deu de ‘dentro para fora’. Após essa primeira fase, o coordenado­r executivo da Rede Nossa São Paulo, Mauricio Broinizi, defende agora que o próximo governo use o Plano Municipal de Mobilidade como meta para a continuida­de da expansão.

“Serão necessária­s mais duas ou três gestões para se alcançar o que determina o plano (1,7 mil km de ciclovias espalhadas pela cidade). Mas, seguindo nessa linha, as periferias estarão devidament­e atendidas”, disse. Para ele, as ciclovias centrais foram importante­s para disseminar a cultura da bicicleta e reduzir a resistênci­a da população.

O plano prevê pistas exclusivas para ciclistas em vias importante­s da cidade, como a Avenida Raimundo Pereira de Magalhães, que leva aos bairros de Perus e Jaraguá, na zona norte, e também as Avenidas Aricanduva e Ragueb Chohfi, na direção do extremo leste. Hoje, quem anda de bike por ali tem de dividir espaço com os carros.

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DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO Planejamen­to. Avenida Faria Lima, na zona sul de SP, tem ciclovia no canteiro central

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