O Estado de S. Paulo

BC acha R$ 30,8 mi nas contas de Palocci

Sérgio Moro havia ordenado bloqueio de até R$ 128 mi de ex-ministro e outros alvos

- Ricardo Brandt

O Banco Central bloqueou R$ 30,8 milhões em contas bancárias do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci e de sua empresa, a Projeto Consultori­a Empresaria­l e Financeira Ltda. Em três contas pessoais de Palocci, a malha fina do Banco Central encontrou R$ 814.648,45. Na conta da Projeto, R$ 30.064.080,41.

O bloqueio ocorreu por ordem do juiz federal Sérgio Moro, no âmbito da Operação Omertà, desdobrame­nto da Lava Jato que coloca Palocci no centro de um esquema de corrupção envolvendo a empreiteir­a Odebrecht e propinas de R$ 128 milhões – parte desse valor teria abastecido o caixa do PT.

Moro ordenou o bloqueio de até R$ 128 milhões de Palocci, preso na segunda-feira, e de outros alvos da Omertà.

As investigaç­ões sobre o exministro, na Lava Jato, apontam que Palocci tratava com a Odebrecht assuntos relacionad­os a quatro esferas da administra­ção pública federal. São elas a obtenção de contratos com a Petrobrás relacionad­os a sondas do pré-sal; a Medida Provisória 460/2009, destinada a conceder benefícios tributário­s ao grupo Odebrecht; negócios envolvendo o Programa de Desenvolvi­mento de Submarinos (Prosub); e financiame­nto do Banco Nacional de Desenvolvi­mento Econômico e Social (BNDES) para obras em Angola.

‘Caixa geral’. A força-tarefa da Lava Jato sustenta que a atuação de Palocci e de seu ex-chefe de gabinete, o sociólogo Branislav Kontic, ocorreu mediante o recebiment­o de propinas pagas pela Odebrecht, dentro de uma espécie de “caixa geral” de recursos ilícitos que se estabelece­u entre a empreiteir­a e o PT. Conhecido como “Brani”, Kontic também foi preso.

A PF liga Palocci à planilha “italiano”, do Setor de Operações Estruturad­as, considerad­a a área secreta de propinas da e mpr e i t e i r a . Segundo a Omertà, “italiano” é Palocci. A defesa do ex-ministro nega. Com base em planilha apreendida, identifico­u-se que, de 2008 a 2013, foram pagos mais de R$ 128 milhões ao PT e a seus agentes, incluindo Palocci.

‘Proporcion­al’. “Para quem acha que isso é muito dinheiro, eu respondo c l a r a mente. Olhem aí os clientes da empresa (de Palocci), Banco Safra, Banco Itaú, Amil, JBS. Ou seja, é tudo proporcion­al. Quem ganha um salário mínimo acha que um juiz ou um promotor ganhar 70 mil reais por mês é um escândalo. Esse é o problema. Cada qual no seu quadrado”, afirmou o criminalis­ta José Roberto Batochio, defensor de Palocci.

Na segunda-feira, a defesa do sociólogo disse que seu cliente não cometeu ato ilícito nem recebeu vantagem indevida.

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HEULER ANDREY/AFP - 26/9/2016 Ex-ministro. Palocci é conduzido por agente federal ao IML de Curitiba, na segunda-feira

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