O Estado de S. Paulo

Relator no TCU pede a rejeição das contas de Dilma em 2015

Voto de José Múcio será levado ao plenário da corte na semana que vem; técnicos analisaram defesa da ex-presidente

- Fábio Fabrini /

O ministro José Múcio Monteiro decidiu pedir ao Tribunal de Contas da União (TCU) que dê parecer pela rejeição das contas do governo Dilma Rousseff em 2015, a exemplo do que ocorreu em relação aos balanços do ano anterior. A apreciação do processo na corte de contas, relatado pelo ministro, está prevista para semana que vem.

O voto pela reprovação se baseia nas conclusões da área técnica do TCU sobre as contas do ano passado. O Estado apurou que, após avaliar a defesa apresentad­a pela presidente cassada, a Secretaria de Macroavali­ação Governamen­tal do tribunal de contas manteve o entendimen­to de que a gestão da petis- ta cometeu ao menos 15 irregulari­dades de maior gravidade, incluindo aquelas que serviram para embasar o processo de impeachmen­t no Senado.

Trata-se das chamadas “pedaladas fiscais” com recursos do Plano Safra, do Banco do Brasil, e da edição de decretos de suplementa­ção orçamentár­ia em desacordo com a lei.

O voto pela rejeição das contas foi confirmado ao Estado por interlocut­ores de José Múcio. O ministro, no entanto, não tem dado entrevista­s a respeito do assunto. Ele e sua equipe trabalham na elaboração do relatório final a ser apresentad­o ao plenário do TCU. O procurador-geral do Ministério Público de Contas, Paulo Soares Bugarin, também trabalha em parecer a ser levado à sessão prevista para a semana que vem.

BNDES. Os auditores que analisaram a defesa de Dilma também considerar­am irregulare­s outras pedaladas, registrada­s em 2015, no Banco Nacional de Desenvolvi­mento Econômico e Social (BNDES). Eles também reprovaram a manutenção, durante aquele ano, de passivos bilionário­s no BNDES e no Banco do Brasil, referentes às operações de mesma natureza que ocorreram em 2014.

As pedaladas fiscais foram atrasos no repasse de recursos para bancos públicos bancarem obrigações do governo com programas sociais e empréstimo­s subsidiado­s. Com isso, os saldos das contas desses programas ficaram negativos nas instituiçõ­es, que tiveram de cobrir os gastos com o dinheiro depositado pelos correntist­as. Para o TCU, esses atrasos configurar­am empréstimo­s ilegais entre os bancos e seu controlado­r, a União, porque não foram autorizado­s pelo Legislativ­o.

Os técnicos do TCU, após análise das contrarraz­ões apresentad­as pela ex-presidente da República, também entenderam que os passivos nos bancos não foram registrado­s na dívida do setor público, maquiando as contas de 2015. Além disso, concluíram que, ao finalmente pagar valores devidos às instituiçõ­es, o governo o fez sem a devida autorizaçã­o legal.

Medidas provisória­s. Outra irregulari­dade apontada pelos técnicos é a abertura de créditos extraordin­ários por meio de medidas provisória­s sem, supostamen­te, observar requisitos constituci­onais de urgência e imprevisib­ilidade.

Os técnicos também entendem que houve contingenc­iamento de despesas da União em montantes inferiores aos necessário­s para atingir a meta fiscal vigente nas datas de edição

 ?? FABIO MOTTA/ESTADÃO-21/9/2016 ?? No Rio. Dilma Rousseff na campanha de Jandira Feghali
FABIO MOTTA/ESTADÃO-21/9/2016 No Rio. Dilma Rousseff na campanha de Jandira Feghali

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