O Estado de S. Paulo

Santos pede que ELN solte seus reféns para acelerar negociaçõe­s

Enquanto colombiano­s se preparam para votar acordo com as Farc, presidente acena para última guerrilha em ação

- Fernanda Simas

O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, afirmou na noite de terça-feira que a fase pública de negociaçõe­s para um acordo de paz com o Exército de Libertação Nacional (ELN) – que por décadas foi a segunda maior guerrilha de esquerda do país e último grupo armado em ação – poderá começar na próxima semana, desde que os guerrilhei­ros libertem seus reféns.

Nas ruas do país, os colombiano­s se preparam para o plebiscito de domingo, que sacramenta o acordo de paz com as Forças Armadas Revolucion­árias da Colômbia (Farc). “Se libertarem os sequestrad­os, na mesma semana, a próxima, poderemos iniciar a fase pública das negociaçõe­s, porque já temos com o ELN 50% da negociação”, decla- Oferta rou Santos em ato oficial, um dia após a histórica assinatura do acordo de paz com as Farc, a principal guerrilha do país.

O ELN – surgido em 1964 por influência da revolução cubana – e o governo do presidente Santos alcançaram em março um acordo para iniciar negociaçõe­s formais de paz, que estão bloqueadas diante da insistênci­a do grupo guerrilhei­ro em prosseguir com os sequestros.

O ELN informou que suspenderá suas ações ofensivas entre amanhã e o dia 5 para favorecer a realização do plebiscito de domingo sobre o acordo negociado com as Farc, um gesto reconhecid­o por Santos.

Otimismo. Depois da assinatura do acordo de paz, os colombiano­s agora se preparam para o plebiscito, que definirá se o pacto será aceito pela população ou não. As campanhas já começaram.

Nas ruas de Cartagena de Índias, os colombiano­s comentam a cerimônia realizada na segunda-feira nessa cidade, discutem os discursos do presidente Santos e do líder das Farc, Rodrigo Londoño, conhecido como “Timochenko”.

Frases pintadas em muros em apoio ao processo de paz contrastam com adesivos nos vi- dros de trás de táxis que pedem o “não” ao acordo.

Enquanto o governo realiza o que chama de “pedagogia da paz” – eventos em diferentes cidades para divulgar os pontos do acordo de paz –, o senador opositor e ex-presidente Álvaro Uribe realiza marchas e discursos contrários aos pactos feitos entre a guerrilha e o governo Santos.

Propaganda­s nas rádios explicam que o processo é a nova chance da Colômbia e pedem às pessoas que votem no domingo – o voto na consulta não é obrigatóri­o.

A campanha pelo “sim”, com um fundo musical, pede ainda às pessoas que “respeitem a opinião de todos”, sem intransigê­ncia e violência. Em diferentes cidades da Colômbia, cartazes pendurados nas ruas exibem o apoio ao acordo de paz, que deve pôr fim ao conflito, que já dura 52 anos e deixou mais de 220 mil mortos.

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ARIANA CUBILLOS/AP Plebiscito. Nas ruas, campanhas se aquecem para domingo
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