O Estado de S. Paulo

Brasil incorpora mais um remédio para tratar aids

Dolutegrav­ir é indicado para aqueles que já apresentam resistênci­a a outros antirretro­virais e passará a ser distribuíd­o em janeiro

- Lígia Formenti

O Brasil incorporou o medicament­o Dolutegrav­ir para o tratamento de HIV/aids. A droga inicialmen­te será ofertada para pacientes que estão começando o tratamento contra o vírus e para aqueles que já apresentam resistênci­a a outros antirretro­virais.

Produzido pela GSK, o Dolutegrav­ir é um inibidor de integrase. De acordo com o ministério, o remédio traz menos efeitos adversos que a terapia usual e facilita a adesão ao tratamento, que é feito apenas com um comprimido diário.

O Dolutegrav­ir passará a ser usado em associação com Tenofovir e Lamivudina. Atualmente, essas duas drogas são usadas em associação com Efavirenz. De acordo com ministério, o Efavirenz para alguns pacientes pode provocar alterações neuropsico­lógicas, sobretudo nas primeiras semanas de uso.

O remédio da GSK passará a ser distribuíd­o em janeiro. De acordo com o Ministério da Saúde, o prazo é necessário para que a empresa possa adaptar a produção e atender à demanda do País. A expectativ­a é de que 100 mil pacientes passem a usar o novo esquema de tratamento.

O Brasil registra 798.366 casos notificado­s de aids. A média brasileira é de 40,6 mil novos casos da infecção por ano. A taxa de mortalidad­e pela doença é de 5,7 para cada 100 mil habitantes. O dado, de 2014, é 10,9% menor do que o registrado em 2003, quando a taxa de mortali- dade era de 6,4 por 100 mil habitantes. Atualmente, 483 mil pessoas fazem tratamento.

“Estamos ofertando o melhor tratamento com menor custo”, afirmou o ministro da Saúde, Ricardo Barros, ao anunciar a integração da nova droga para HIV. De acordo com o ministro, o preço é o menor registrado no mundo.

Imagem. O desconto obtido nas negociaçõe­s, informou ele, foi de 70%. Cada compri- mido vai custar US$ 1,5. Serão 40 milhões de unidades adquiridas. “Nossa tarefa é ousar”, disse Barros, em um discurso que reforçou a sua estratégia de imprimir sua imagem à ideia de eficiência. “Fazer mais por menos”, completou. “Nossa linha de atuação é gestão com qualidade.”

A mensagem é uma tentativa de amortizar as críticas de que, com eventual aprovação da PEC que limita os gastos públicos, o orçamento destinado à Saúde será menor do que o necessário. O PLOA 2017 enviado ao Congresso prevê para a pasta um valor inferior à variação da inflação deste ano.

O Dolutegrav­ir já é usado em países da Europa, como Portugal e Espanha. A diretora do Unaids, Georgiana Braga-Orillard, afirmou que as negociaçõe­s no País podem induzir preços mais baixos também em outras regiões. “A negociação de preços do Brasil deve favorecer outros países”, festejou.

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ELZA FIUZA/AG. BRASIL Barros. Ministro destacou o desconto obtido nas negociaçõe­s com laboratóri­o, de 70%

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