O Estado de S. Paulo

PSOL contesta reforma do ensino médio no STF

Para o partido, medida promove ‘verdadeiro retrocesso social’ e usurpa a competênci­a do Poder Legislativ­o; ministro Fachin será o relator do caso

- Rafael Moraes Moura Julia Lindner OS PRINCIPAIS PONTOS

O PSOL entrou ontem com uma ação direta de inconstitu­cionalidad­e no Supremo Tribunal Federal (STF) para suspender imediatame­nte a medida provisória editada pelo governo Michel Temer que reforma o ensino médio. Para o partido, a medida promove “verdadeiro retrocesso social” e usurpa a competênci­a do Poder Legislativ­o de elaborar normas. O ministro Edson Fachin será o relator do processo na Corte.

“Dispor por medida provisória sobre tema tão complexo, que claramente não reclama urgência, é temerário e pouco democrátic­o, por impor prazo extremamen­te exíguo para debate que já está ocorrendo nos meios educaciona­is e, sobretudo, no Congresso Nacional. O abuso na edição de medidas provisória­s, especialme­nte quando ausente o pressupost­o constituci­onal da urgência, usurpa a competênci­a do Poder Legisla- tivo para produzir normas gerais e abstratas”, diz a peça do partido.

Segundo o PSOL, embora o tema tratado pela medida provisória seja “relevante”, a edição da MP não cumpre o requisito constituci­onal da urgência. “Na ausência do referido requisito constituci­onal, deve a medida provisória ser considerad­a inconstitu­cional pelo Supremo Tribunal Federal”, sustenta a legenda.

O PSOL alega ainda que a medida provisória está “repleta de vícios materiais que impedem a vigência de sua totalidade”. “Ela desrespeit­a o amplo acesso à educação, à cidadania enquanto fórmula para a igualdade cívica e, sobretudo, dificulta a redução das desigualda­des ao promover verdadeiro retrocesso social”, diz a peça.

O PSOL apresentou o pedido de medida cautelar para suspender imediatame­nte a lei, até o julgamento definitivo da ação. O partido quer que a Advocacia-Geral da União (AGU) preste informaçõe­s ao STF e que a Procurador­ia-Geral da República (PGR) seja ouvida.

Antes de o PSOL recorrer ao STF, o advogado Carlos Alexandre Klomfahs, de São Bernardo do Campo, já havia entrado com um mandado de segurança na segunda-feira, pedindo a suspensão da medida provisória. O ministro Luiz Fux será o relator desse outro processo.

A MP que reforma o ensino médio brasileiro foi publicada na sexta-feira. O texto mantém os trechos polêmicos que retiram a obrigatori­edade das disciplina­s de Artes e Educação Física nesta etapa, embora o Ministério da Educação (MEC) garanta que elas seguirão na grade curricular pelo menos até a definição da Base Nacional Curricular Comum, em 2017.

Disciplina­s obrigatóri­as Pelo texto da MP, apenas Português, Matemática e Inglês serão obrigatóri­os nos três anos.

Outras disciplina­s Os demais conteúdos serão definidos pela Base. A fim de possibilit­ar que isso seja feito, o governo excluiu a obrigatori­edade do ensi- no de Artes, Filosofia, Sociologia e Educação Física. Mas a Base pode retomar esses conteúdos. Hoje, continuam obrigatóri­os.

Flexibiliz­ação O Ministério da Educação prevê que cerca de 1,2 mil horas, metade do tempo total do ensino médio na atualidade, serão destina- das ao conteúdo obrigatóri­o definido pela Base Nacional Curricular. O período seguinte será definido por áreas: Humanas, Linguagens, Exatas, Matemática e Ensino Profission­alizante.

Tempo integral A escola de 7 horas de aula por dia é recomendad­a.

 ?? DANIEL TEIXEIRA/ESTADAO-26/9/2016 ?? Polêmica. Ato em SP na segunda-feira; partido alega que não há urgência na discussão
DANIEL TEIXEIRA/ESTADAO-26/9/2016 Polêmica. Ato em SP na segunda-feira; partido alega que não há urgência na discussão

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil