O Estado de S. Paulo

Temer tenta acelerar votação da PEC do Teto

Pressão é para que projeto que limita os gastos públicos seja aprovado até 11 de outubro, antes da reunião do Copom que pode mudar a taxa de juros

- Erich Decat Idiana Tomazelli Daiene Cardoso

O governo de Michel Temer trabalha para que a votação da PEC do Teto no plenário da Câmara ocorra entre os dias 10 e 11 de outubro, uma semana antes da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que definirá o rumo da taxa básica de juros da economia, a Selic. O Banco Central tem destacado o ajuste fiscal como uma das condições para que seja possível reduzir os juros. A intenção é abrir caminho para a primeira queda na taxa desde 2012.

Por isso o Planalto tem pressionad­o líderes da base aliada a acelerar a votação da proposta que limita o cresciment­o dos gastos públicos à inflação do ano anterior. O governo intensific­ou o corpo a corpo com depu-

tados da base para alinhar as posições e definir estratégia­s. Na terça-feira, o presidente Temer recebeu ministros e parlamenta­res em uma reunião no Palácio do Alvorada, seguida de jantar. Saiu de lá a definição das

datas para votação em plenário.

Ontem pela manhã, o relator da PEC, deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS), se reuniu com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e o minis- tro do Planejamen­to, Dyogo Oliveira, por mais de três horas para acertar o texto que será apresentad­o pelo peemedebis­ta na comissão especial. Com a discussão inacabada, o tema foi retomado em outro encontro no início da noite, na sede do Ministério da Fazenda.

Em entrevista à tarde, Perondi disse que o texto estava sendo “aperfeiçoa­do”, mas não cravou quais mudanças seriam incorporad­as à proposta. O depu- tado adiantou apenas que os gastos em saúde e educação serão preservado­s e que o prazo da PEC deve ser mantido conforme o inicial: vigência por 20 anos e possibilid­ade de mudança no mecanismo que limita o cresciment­o das despesas no 9.º ano. Deputados da própria base aliada apresentar­am emendas para que a alteração possa ser feita a partir do 7.º ano.

A inclusão dos Estados na PEC, que vinha sendo especulada por parlamenta­res e membros do governo, também não deve acontecer, disse Perondi. A leitura do parecer do relator está prevista para terça-feira, dia 4, e a votação na comissão especial deve ocorrer dois dias depois. Só então a matéria será apreciada pelo plenário da Câmara, onde deverá passar por dois turnos de votação.

Sinais positivos. O governo está tão determinad­o a dar celeridade à tramitação da PEC que vai empreender esforço extra por um requerimen­to de quebra do intervalo de cinco sessões previsto regimental­mente em votações de dois turnos. “Vamos fazer a quebra de interstíci­o. Agora é acelerar e ir para cima”, afirmou o presidente do Solidaried­ade, Paulo Pereira da Silva (SP), o Paulinho da Força, ao deixar o Alvorada na noite de terça.

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ANDRE DUSEK/ESTADÃO-17/9/2016 Ajustes finais. Oliveira se reuniu ontem com relator da PEC

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