O Estado de S. Paulo

Temer fará pente-fino em texto da reforma

- Carla Araújo Leonêncio Nossa

O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, disse ontem que o presidente Michel Temer ainda vai passar um pente-fino na Refor- ma da Previdênci­a antes de enviá-la ao Congresso. O governo já desistiu de mandar o texto nesta semana para a Câmara. Questionad­o sobre a data em que a reforma será enviada, Padilha disse que essa é uma “questão que o presidente vai definir”. “Tem alguns passos que ele diz que devem ser dados, mas devemos concluir no grupo de trabalho possivelme­nte nessa semana”, afirmou. “O presidente vai passar um pen- te-fino (na proposta), ele foi relator da Previdênci­a lá atrás, eu até fui auxiliar dele em 1996/1997, e ele faz questão de passar olho clínico em toda a reforma, portanto, esse olho clínico ainda não foi passado”, completou.

O ministro reiterou que o governo quer debater com as centrais e com as confederaç­ões o texto e que depois disso deverá ser realizada uma nova reunião com a base aliada – a exemplo da que aconteceu ontem no Palácio da Alvorada. “Se as lideranças conhecerem o inteiro teor do projeto, ele chega na Câmara já com 50% do caminho percorrido”, afirmou.

Segundo Padilha, “por enquanto seria prematuro falar em alterações” nos benefícios. “Enquanto se discute, tudo pode ser mudado”, disse, ressaltand­o que todos os pontos são sensíveis. O ministro destacou que a única coisa já definida é a idade de 65 anos.

Conforme antecipou o Estado, a proposta que o presidente tem em mãos prevê o aumento da idade mínima para além dos 65 anos fixados inicialmen­te. O texto, elaborado pela equipe técnica do governo, propõe um gatilho que permitirá aumentar o piso da idade à medida em que também subir o tempo médio de sobrevida (a quantidade de anos de vida depois da aposentado­ria).

Questionad­o se a proposta inclui mudanças no regime dos militares, Padilha lembrou que neste caso há um regime próprio na Constituiç­ão, mas que os militares “já verbalizar­am que querem sim caminhar rumo as regras gerais, em que pese eles sejam absolutame­nte diferentes pela Constituiç­ão”.

“Eu não digo que seja uma injustiça, acho que nós temos que fazer com que caminhe para as regras gerais em que pese mantenha os militares com as condições de militar. O militar é completame­nte diferente, ele fica na ativa e depois vai pra reserva e continua À disposição do estado. Quer dizer, não é a mesma coisa. É diferente”, disse.

Indagado sobre a vinculação do benefício de prestação continuada e pensão por morte ao salário mínimo, Padilha disse que “continua sendo estudada”.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil