O Estado de S. Paulo

Governo quer investimen­to cruzado em ferrovias

Medida Provisória prevê que recursos das outorgas pagos para renovação de contrato sejam usados para tirar do papel obras pontuais, como o Ferroanel

- Lu Aiko Otta /

O governo pretende tirar do papel algumas obras pontuais em ferrovias para atacar ‘gargalos’ logísticos – como o Ferroanel de São Paulo – com recursos das taxas de outorga que as atuais concession­árias de linhas férreas pagarão para renovar antecipada­mente seus contratos. Em vez de recolhê-las ao Tesouro, essas empresas realizarão obras em outras ferrovias, selecionad­as pelo governo.

Assim, o que provavelme­nte se transforma­ria em superávit primário será convertido em investimen­tos. Segundo fontes, a ideia não enfrenta oposição do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.

O governo ainda está estimando quanto cobrará e, portanto, de quanto vai dispor para novos investimen­tos. Na lista também estão um novo acesso ferroviári­o para a Baixada Santista e uma ligação entre o Rio e Vitória, com saídas para o Porto de Açu e o Porto Central. No Centro-Oeste, a intenção é construir uma linha entre Água Boa (MT) e Campinorte (GO), o que permitirá transporta­r a pro- dução de soja e milho do centro do País pela Ferrovia Norte-Sul.

A autorizaçã­o para que uma concession­ária invista em linhas que não estão sob sua administra­ção deverá constar de uma Medida Provisória (MP) que está em elaboração. Essa mesma proposta permitirá que as concession­árias em dificuldad­es financeira­s devolvam os empreendim­entos ao governo e dará mais segurança jurídica para que as concessões já existentes realizem investimen­tos não previstos em contrato em troca de mais prazo.

O texto da MP ainda está em Parcerias de Investimen­tos.

“A MP resolve o problema para o futuro, mas há uma preocupaçã­o nossa de olhar para trás”, disse. “Há um conjunto de concessões em curso, que fizeram investimen­tos e estão em dia com suas obrigações, mas enfrentam dificuldad­es porque o Brasil de hoje não é o de 2013.”

Borges se refere às concessões do Programa de Investimen­tos em Logística (PIL), que ele próprio comandou. Em maior ou menor grau, todas enfrentam problemas na obtenção de crédito de longo prazo e, com isso, têm seus programas de investimen­tos ameaçados.

Segundo Borges, esses empreendim­entos foram afetados pela retração econômica. Os cálculos de tarifa levavam em conta uma taxa de cresciment­o de 2,5% ao ano, o que está longe da realidade atual.

Para as concessões com problemas, o governo oferece duas saídas. A primeira é pedir o reequilíbr­io econômico-financeiro do contrato, que pode permitir, por exemplo, um aumento de tarifa se a razão for justificad­a. A MP vai permitir também que a concessão seja devolvida de forma amigável.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil