O Estado de S. Paulo

Juro do cartão é o mais alto desde o início do Plano Real

- Fabrício de Castro Fernando Nakagawa

Em meio à forte recessão que atinge a economia, a oferta de crédito segue em retração e os juros batem recordes. Dados divulgados ontem pelo Banco Central mostram que, de julho para agosto, houve recuo de 0,3% no estoque de crédito livre – aquele sem destinação específica – para famílias e empresas, enquanto as taxas de juros médias subiram de 52,7% para 53% ao ano.

Entre as diferentes modalidade­s, o campeão em matéria de juros é o rotativo do cartão de crédito para pessoas físicas, com taxa de 475,2% ao ano – a maior da série histórica, iniciada em julho de 1994, quando o Real foi lançado. Já a taxa do cheque especial em agosto foi de 321,1% ao ano, também recorde. Na prática, significa que se o consumidor utilizar R$ 1.000 de crédito nessas modalidade­s, um mês depois já estará deven- do R$ 1.157 no cartão de crédito e R$ 1.127 no cheque especial. Em um ano, a dívida saltará para R$ 5.752 e R$ 4.211, respectiva­mente.

“O rotativo deve ser utilizado com muita parcimônia, em períodos curtos de tempo, dado o custo que tem”, disse o chefe do Departamen­to Econômico do Banco Central, Tulio Maciel, durante a divulgação dos dados. Ele chamou a atenção ainda para o fato de o saldo desse tipo de crédito estar aumentando, apesar das taxas elevadas.

No caso das empresas, o cenário também é de crédito escasso e juros elevados. Em agosto, o juro médio cobrado em opera- ções de desconto de cheques atingiu 47,6% ao ano e, na modalidade de antecipaçã­o de faturas de cartão, chegou aos 45,8% ao ano. Nos dois casos, é o maior custo desde março de 2011, quando começou a série para estas modalidade­s.

As elevações de juros ocorrem apesar de boa parte das instituiçõ­es financeira­s apostarem que o BC começará a cortar a Selic (a taxa básica de juros) em outubro.

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