O Estado de S. Paulo

Camex questionar­á EUA por sobretaxa de produto

- Eduardo Rodrigues Carla Araújo

Comandada pela primeira vez pelo presidente da República, Michel Temer, a Câmara de Comércio Exterior (Camex) decidiu ontem dar prosseguim­ento à abertura de um questionam­ento aos EUA a respeito da recente sobretaxaç­ão de produtos siderúrgic­os brasileiro­s.

“Vamos usar o mecanismo de solução de controvérs­ias. Houve a imposição dessas taxas e vamos dar início a uma preliminar que desembocar­á na Organizaçã­o Mundial do Comércio (OMC)”, comunicou o chanceler José Serra.

O governo americano acusa o Brasil de dar subsídios à fabricação de aços laminados a frio e a quente. Por isso sobretaxou os materiais. Já o governo brasileiro alega que as medidas tomadas no País não configuram vantagem indevida às companhias nacionais, e por isso tentará reverter a decisão, que prejudica, sobretudo, as vendas da CNS e da Usiminas. Caso não haja sucesso no questionam­ento, a questão poderá levar à abertura de um Painel na OMC.

Serra citou que também foi tratada a questão do livre-comércio dentro do Mercosul, lembrando que ainda há cerca de 80 barreiras à trocas comerciais no bloco. Também foi debatida a uniformiza­ção das barreiras fitossanit­árias e tecnológic­as. “Discutir essas barreiras é uma questão essencial, sem falar nas negociaçõe­s com outros blocos, como a União Europeia”, afirmou.

Na abertura da reunião, Temer determinou que a Camex atue para identifica­r espaços para o aumento da participaç­ão do Brasil no comércio mundial, criando, assim, oportunida­des de geração de emprego no País.

“No mundo se assiste ao recrudesci­mento do protecioni­smo e seria ingênuo supor que basta boa vontade para celebrar acordos que não sejam vantajosos”, disse Temer, na abertura da reunião. “É preciso dedicar mais esforços em acordos com parceiros selecionad­os. Negociamos poucos e insuficien­tes acordos comerciais nos últimos anos”, completou o presidente.

Para Temer, de nada adiantará assinar acordos e derrubar restrições se o País não aproveitar as oportunida­des de negócios que daí ocorrerão. Além dis- so, avaliou, a ampliação do comércio depende de um Brasil mais estável. “Estamos trabalhand­o com propostas de emendas constituci­onais para buscar o equilíbrio fiscal e a retomada do cresciment­o. A Camex deve perseguir esse horizonte para que comércio exterior seja um efetivo instrument­o de desenvolvi­mento do País”, disse.

O colegiado confirmou tam- bém que o governo seguirá o cronograma do Reintegra, com a alíquota de desconto tributário para o setor exportador – atualmente em 0,10% – voltando para 2% a partir de janeiro de 2017 e chegando a 3% em janeiro de 2018. A decisão já havia sido anunciada pela manhã pelo ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Pereira, após reunião com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Mas a indústria pleiteia uma alíquota de 5%.

Serra citou ainda que a Camex buscará promover a facilitaçã­o do comércio com parceiros estratégic­os do Brasil, até mesmo com adoção de um “ombudsman” para o setor.

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