O Estado de S. Paulo

Importação indica retomada da indústria, diz FGV

Compra de bens intermediá­rios, ligados à produção industrial, teve alta de 41%, segundo o novo Indicador Mensal da Balança Comercial

- Daniela Amorim

O recente aumento nas importaçõe­s no País parece esconder uma boa notícia sobre a atividade econômica. Os dados desagregad­os da balança comercial sugerem que há uma recuperaçã­o não apenas nos investimen­tos, mas também na produção industrial. As informaçõe­s constam de um novo índice calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). O Indicador Mensal da Balança Comercial trará informaçõe­s sobre a variação dos índices de preços das exportaçõe­s e impor- tações brasileira­s, e também a variação de volume das exportaçõe­s e importaçõe­s.

Obtido com exclusivid­ade pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, o levantamen­to mostra que o volume importado de bens de capital em agosto aumentou 16% em relação ao mesmo período de 2015. Ao mesmo tempo, houve um salto de 41% nas importaçõe­s de bens intermediá­rios, que estão ligados à retomada da produção industrial.

“Os resultados indicam uma melhora futura, porque os bens intermediá­rios estão muito ligados à indústria. Se você começa Cenário a importar de forma consistent­e, pode significar uma retomada da produção industrial”, lembrou Lia Valls, coordenado­ra de Estudos do Comércio Exterior do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Ibre/FGV).

O bom desempenho também foi influencia­do pelo impacto positivo da valorizaçã­o do real ante o dólar e da queda nos preços de itens importados. Mas a pesquisado­ra pondera que, no acumulado de janeiro a agosto, o volume de importação de bens intermediá­rios ainda registra queda de 10,2%, embora o de bens de capital avance 11,7%.

As exportaçõe­s brasileira­s de bens de capital também cresceram no período, acumulando um avanço de 29,5% em 2016.

As demais categorias em uso também exportaram mais de janeiro a agosto em relação ao mesmo período do ano passa- do, um bom sinal sobre a atividade da indústria de transforma­ção: bens de consumo duráveis (35,2%); bens de consumo não duráveis (6,8%); bens de c o n s u mo s e mi d u r á v e i s (15,8%); e bens intermediá­rios (10,2%).

Em agosto, o volume de exportaçõe­s de não commoditie­s saltou 37% em relação ao mesmo período do ano anterior, enquanto o das commoditie­s aumentou 2,4%. Segundo a FGV, as exportaçõe­s brasileira­s foram impulsiona­das por acordos comerciais para vendas de automóveis, além de aviões e plataforma­s de petróleo.

“Está começando a reagir, mas pode arrefecer. Esse aumento de agosto pode ter sido pontual, porque quando você exporta uma plataforma de petróleo isso pesa muito, avião também”, disse Lia.

No mês de agosto, o saldo da balança comercial foi de US$ 4,2 bilhões, com cresciment­o de 10% nas exportaçõe­s e alta de 0,4% nas importaçõe­s em relação ao mesmo mês de 2015.

O Indicador Mensal da Balança Comercial integra o conjunto de informaçõe­s usadas para o cálculo do Monitor do PIB da FGV e agora passará a ser divulgado individual­mente.

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ITAMAR MIRANDA/ESTADÃO - 20/8/1998 Saldo. No mês passado, superávit da balança comercial brasileira foi de US$ 4,2 bilhões

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