O Estado de S. Paulo

‘A sensação de não se encaixar nunca acaba’

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Qual foi sua reação ao livro e às fotografia­s que ele contém? Fiquei fascinado. Quando você olha uma fotografia, ela diz alguma coisa, mas não tudo. Com uma fotografia, e com um livro também, você mesmo inventa a história. Mesmo sendo uma mídia diferente, tentei capturar o espírito, a poética da imagem, que são coisas que procuro fazer nos meus filmes.

Seus filmes sempre falam de alguém que não se encaixa. Ainda se sente assim? Provavelme­nte, mais do que nunca. Mas, se você se sentiu assim alguma vez, infelizmen­te, esse sentimento nunca mais sai. Você pode ter sucesso, tornar-se pai, conquistar o que for, mas esse cantinho escuro sempre fica lá dentro. Não procuro sempre falar a mesma coisa nos meus filmes, mas acabo me identifica­ndo com esse tipo de material. Não quero contar a história de outra pessoa estranha e solitária, acaba acontecend­o.

Fazer um filme é sempre complicado. Existem partes que você acha mais difíceis que outras? A filmagem é sempre a mais difícil, mas também a mais divertida. É como uma família estranha que se forma. Não dá para controlar o clima. Não dá para controlar muita coisa. Sinto como se ouvisse “não” em 90% do dia. É da natureza da filmagem.

Por que Eva Green era a pessoa ideal para fazer a Senhorita Peregrine? Eu amo a Eva. No livro, ela é mais velha. Mas estava procurando alguém que tivesse mistério, poder, uma mistura de estranheza, humor e conexão humana. E que desse a impressão de ser capaz de se transforma­r num pássaro! ( risos)

Qual sua inspiração para criar o monstro? Queria que fosse alguém que habita os pesadelos. Normalment­e nos sonhos, os monstros têm algo de humano.

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